O senador Marcos do Val (Podemos-ES) disse em depoimento à PF (Polícia Federal) nesta quinta-feira (2) que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) não demonstrou contrariedade ao ouvir o plano do ex-deputado Daniel Silveira (PTB-RJ) de tentar reverter o resultado das eleições.
Do Val, que na madrugada desta quinta chegou a anunciar que Bolsonaro havia tentado coagi-lo a “dar um golpe de Estado junto com ele”, fez à PF um relato sobre como Silveira teria lhe pedido para gravar ilegalmente o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes.
O senador afirmou que o ex-presidente ficou calado durante toda a conversa e não negou o plano nem mostrou contrariedade. Nesta versão, Do Val relatou que, ao final do encontro, disse que precisava pensar sobre a proposta, e que Bolsonaro respondeu que o aguardaria.
Do Val disse ainda que teve a impressão de que Bolsonaro não sabia do assunto, e que Silveira parecia querer obter o consentimento dos dois. O senador afirmou também que achava que a conversa estava sendo gravada.
Ainda segundo o relato do senador, Silveira lhe perguntou na ocasião se ele cumpriria uma missão importantíssima: gravar Moraes e induzi-lo a falar algo que ultrapassasse as quatro linhas da Constituição —bordão muito usado por Bolsonaro.
O senador repetiu à Polícia Federal grande parte do relato feito aos meios de comunicação nesta quinta —ao longo do dia, mudou de versão e passou a tentar isentar o ex-presidente de participação no suposto plano.
À Folha o senador disse que a resposta do ex-presidente ao final do encontro foi “Vamos pensar”. Em entrevista à Globo News, afirmou que o então presidente falou que esperava a resposta dele sobre participar ou não do plano.
O senador declarou que foi procurado por Silveira em 7 de dezembro e que o então deputado lhe colocou em contato com Bolsonaro. Eles teriam combinado uma reunião, segundo Silveira, no dia 9 de dezembro.
À PF Do Val afirmou que entrou em contato com Moraes no dia 8 para avisar que tinha sido procurado por Silveira e perguntar se deveria ir ao encontro. O senador afirmou que achou melhor fazer isso porque o ex-deputado, preso nesta quinta, é investigado.
Segundo o depoimento à Polícia Federal, ao questionar o ministro do Supremo se deveria se encontrar com Bolsonaro, Do Val diz ter ouvido a resposta que informação é sempre importante.
O senador disse que mandou mensagem para o ministro do STF depois do episódio para relatar que a reunião tinha sido esdrúxula. Os dois voltaram a se encontrar pessoalmente, segundo ele, e não houve nenhum pedido para que os fatos fossem formalizados.
Camila Mattoso/Folhapress
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