O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta sexta-feira (3) em Mato Grosso que é inexplicável a fome no Brasil e lembrou de cenas de famílias em filas para conseguir doação de ossos.
O presidente esteve em Rondonópolis, um dos principais polos do agronegócio no país, para entregar 1.440 apartamentos no Residencial Celina Bezerra, num ato que, para políticos e lideranças ruralistas, foi um aceno ao agronegócio. Ele estava acompanhado do ministro da pasta, Carlos Fávaro.
“Foi aqui neste estado, que é um dos maiores criadores de gado desse país, foi aqui nesse estado, que é o maior produtor de grãos desse país, que aparece uma mulher na porta de um açougue recebendo um osso para fazer uma sopa dentro de casa. Não é explicável, num país que é o terceiro produtor de alimento do planeta, num país que é o maior produtor de proteína animal do mundo, a gente ter 33 milhões de pessoas passando fome”, afirmou Lula durante a solenidade.
Dezenas de pessoas foram flagradas em julho de 2021, durante a pandemia da Covid-19, numa fila em frente a um açougue no bairro CPA 2, na periferia de Cuiabá, para tentar levar para casa pedaços de ossos doados ali.
Ainda conforme o presidente, os avanços da genética e da tecnologia fizeram com que o Brasil se “transformasse nesse extraordinário país produtor”, mas isso não impede que brasileiros passem fome.
“Por que que as pessoas passam fome? As pessoas passam fome porque as pessoas não têm dinheiro para comprar os alimentos necessários, porque se essas pessoas tivessem dinheiro, as pessoas encontravam o alimento no supermercado”, disse Lula.
Diante da disparada de preços dos alimentos, produtos como feijão partido, restos de frios, carcaças e pele de frango viraram alternativas em pontos de venda nas periferias das grandes cidades.
No Rio de Janeiro, por exemplo, pessoas foram encontradas no ano passado procurando restos de alimentos em um caminhão de lixo na região central da cidade.
No ano anterior, um caminhão de ossos e restos de carne passou a ser disputado na zona sul do Rio por moradores que não possuíam dinheiro suficiente para comprar alimentos.
O Brasil tem 33 milhões de pessoas passando fome, de acordo com o 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, divulgado em junho do ano passado. O contingente é similar ao registrado 30 anos atrás.
Os 5% mais pobres do país viram a renda mensal domiciliar per capita (por pessoa) despencar para R$ 39, em média, em 2021.
O tombo foi de 33,9% em comparação com o ano de 2020 (R$ 59). Foi o mais intenso entre as camadas da população investigadas em uma pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a Pnad Contínua: Rendimento de Todas as Fontes 2021.
Marcelo Toledo/Pablo Rodrigo/Folhapress
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