Setor de biogás projeta investimentos de R$ 600 milhões

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Foto: Divulgação

Para o CEO da Biogás & Tech, Alessandro Gardemann, potencial de produção do biogás no Brasil é enorme. “Se fosse todo utilizado, seria possível suprir 70% do consumo de óleo diesel no país ou 34,5% da demanda de energia elétrica”, destaca.

Biocombustível produzido a partir da decomposição de materiais orgânicos — de origem vegetal ou animal —, o biogás é uma das apostas para a transição energética em curso no país. De acordo com dados da Associação Brasileira do Biogás e do Biometano (Abiogas), os atuais investimentos em projetos de usinas para a produção desse tipo de combustível chegam a R$ 600 milhões, com expectativa de crescimento para a próxima década.

Para o CEO da Biogás & Tech, Alessandro Gardemann, o potencial de produção do biogás no Brasil é enorme. “Se todo esse potencial fosse utilizado, seria possível suprir 70% do consumo de óleo diesel no país ou 34,5% da demanda de energia elétrica”, destaca.

Existem pelo menos 10 negociações em fase final de novos projetos e outras em andamento relacionadas ao mesmo segmento; além de projetos de menor porte voltados a culturas agrícolas e pecuária. Entre os projetos em andamento, está uma joint venture com a Uisa, uma das maiores processadoras de cana-de-açúcar do país e a maior da região Centro-Oeste. Orçada em R$ 200 milhões, essa nova usina ficará no mesmo local da produção de açúcar e álcool, em Nova Olímpia, no Mato Grosso, com previsão de iniciar operação a partir de 2023, fornecendo combustível para abastecimento de caminhões do transporte logístico de cargas.

Líder no desenvolvimento da cadeia de biogás, a Geo Biogas & Tech possui três usinas em operação e cinco em implantação, chegando em 2024 com pelo menos oito grandes operações de produção de biogás e/ou biometano. Sobre o tema, o Correio fez três perguntas ao CEO da Biogás & Tech, Alessandro Gardemann. Confira a seguir:

Qual o potencial do mercado de biogás no Brasil?

O potencial de produção do biogás no Brasil é enorme, tanto que cunhamos o termo “pré-sal caipira” para dar a dimensão da oportunidade de desenvolvimento dessa fonte energética no país, o que seria algo na ordem de 120 milhões de m³/dia. Se todo esse potencial fosse utilizado, seria possível suprir 70% do consumo de óleo diesel no país ou 34,5% da demanda de energia elétrica.

Além disso, o biogás também é rota estratégica para produção de bioquímicos, de hidrocarboneto verde e principalmente do hidrogênio verde, que já é hoje o “combustível do futuro”. Fertilizantes de alta qualidade também podem ser subprodutos do processo de biodigestão. Felizmente, o avanço do biogás e biometano têm se dado de maneira exponencial, com crescimento de 30% ao ano em volume de produção.

A monetização do gás se dá de diversas maneiras. Além da energia elétrica, é possível ter a injeção no gasoduto, o transporte via GNC para substituição de GLP, a substituição de diesel em frota pesada e distribuição via gasoduto isolados. Em fevereiro, foi inaugurado o primeiro gasoduto verde do Brasil, no interior de São Paulo. 

O mundo também está atento ao desenvolvimento do biogás. Divulgado em 2022, o 11º relatório estatístico da European Biogas Association (EBA), mostra que o biometano deve ser um dos protagonistas em energias renováveis na Europa nos próximos 30 anos, com a estimativa de que cerca de 30% a 40% do consumo de gás nos países europeus possam ser supridos por biometano, produzido a partir de plantas de geração de biogás atreladas à base de produção agrícola dos países.

Qual o contexto dos investimentos e o potencial desse mercado? 

A Biogás & Tech projeta que, até 2030, vamos chegar a pelo menos 30 milhões de m³/dia e 19 gigawatts (GW) de capacidade instalada com investimentos da ordem de R$ 50 bilhões. Ainda que o ritmo da mudança no Brasil ocorra em passos muitos diferentes em relação a países em desenvolvimento e desenvolvidos, a certeza que temos é de que todos os mercados, inclusive o brasileiro, exigirão investimentos sem precedentes em tecnologias de descarbonização, e temos condições de aproveitar esses recursos para o desenvolvimento das operações sustentáveis energéticas ligadas ao agronegócio.

Para você ter ideia, a Geo destinará, nos próximos anos, R$ 600 milhões para instalar usinas de geração de energias renováveis. Este ano, deve entrar em operação nossa unidade de hidrogênio verde com capacidade de produzir 500 m³ por dia. O piloto para geração de SAF (combustível renovável de aviação) deve ser inaugurado em 2024. Queremos mostrar o biogás e o biometano como alternativas viáveis para essas tecnologias.

E as barreiras e vantagens do biogás?

Uma das grandes vantagens do biogás brasileiro é a previsibilidade preços, que garante um uso estável da fonte na matriz energética para o país. A produção a partir do aproveitamento de resíduos da cana-de-açúcar abre uma perspectiva de oferta de biometano em escala, sustentável, além de garantir a independência energética do Brasil. A integração da produção de biogás também pode aumentar a produção de matéria orgânica e a redução de custo de fertilizante com a utilização de adubos orgânicos.

Além do enorme potencial energético, o biogás e o biometano são os primeiros aliados do Brasil na descarbonização, com soluções para diferentes áreas da indústria e do agronegócio. O que cada dia mais estamos vendo é uma enorme convergência entre os setores de energia e agricultura, dos dois segmentos econômicos que mais contribuem na geração de riqueza brasileira.

A matriz energética adiciona novas fontes, limpas e competitivas, reduzindo sua dependência de outros país, aumentando a nossa segurança energética e garantindo mais previsibilidade de preços, já que a matéria-prima é nacional. A agricultura ganha soluções para o melhor aproveitamento dos seus resíduos com geração de receita. E a sociedade é quem mais recebe.

Além dos notórios benefícios ambientais, a bioenergia é um grande vetor de desenvolvimento econômico, inclusive no interior do país. Tem tecnologia, geração de emprego e renda e energia verde. A soma de tudo isso só tem um resultado: melhor qualidade de vida.

Acreditamos que, com os estímulos certos em termos de políticas públicas, seremos capazes de liderar o processo de descarbonização energética do Brasil e manter o protagonismo na oferta de energia segura, barata, firme e renovável para o mundo. 

Fonte Correio

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