Foto: Divulgação.
Se faltava uma taça na carreira, agora não falta mais. O Fluminense de Fernando Diniz sagrou-se campeão carioca depois de bater o Flamengo na decisão. Em 14 anos como treinador, o líder tricolor levanta, enfim, o primeiro troféu de expressão.
No radar da seleção brasileira, Diniz é tido como primeira opção entre os treinadores brasileiros —a CBF, porém, prefere um estrangeiro, com o italiano Carlo Ancelotti sendo o favorito, como o UOL antecipou. Desde 2018, passou por Athletico, São Paulo, Santos e Vasco, mas foi no Flu onde encontrou a maior confiança e tempo para trabalhar.
O Fluminense apostou não só no projeto do treinador para o time profissional, mas também nas categorias de base para implementar a filosofia dele em Xerém. Com o grupo na mão e aproveitando o início de temporada para contratar jogadores de que gostava, Diniz fez com que o Tricolor se tornasse o segundo melhor time do país em quatro meses.
Esse só não será o primeiro troféu de Fernando Diniz em um clube de expressão porque ele conquistou a Taça Guanabara semanas atrás. Além desses, ganhou a Copa Paulista e a Série A3 do Paulistão em 2009 pelo Votoraty e em 2010 repetiu o título da Copa Paulista com o Paulista de Jundiaí.
Vitória mais que merecida. Time lindo, torcida maravilhosa. Jogando com tudo, com alma, raça, técnica. Foram dois títulos. Se perdesse [a Taça Guanabara], não ia valer. Obrigado por todo mundo que acreditou na gente.”
Fernando Diniz
Foto: Divulgação.
David Braz
“Diniz vem fazendo um grande trabalho. Depois dessa final, saímos perdendo o jogo por 2 a 0 e ele nos deixou tranquilos para que pudessemos reverter. Parabéns para ele e para todo o grupo, que abraçou o que ele veio pedindo no dia a dia. Fomos coroados com esse titulo.”
John Arias
“Foi uma noite muito especial para nós. É a premiação de um trabalho muito forte que estamos fazendo com o Fernando Diniz. Acho que nós focamos depois da primeira final porque doeu muito. Doeu muito porque temos total certeza e confiança no nosso trabalho.”
Nino
“[Título] Mostra que a gente tá no caminho certo. Queremos coroar de muitas outra maneiras, mas mostra o caminho ideal. Ficamos muito felizes por ele [Diniz] e pelo trabalho bem reconhecido e dando frutos. Pensamos muito nesse momento, trabalhamos muito.”
Fluminense atropela o Flamengo, reverte desvantagem e é bicampeão carioca
O Fluminense deu a volta por cima com muita classe, goleou o Flamengo e se sagrou campeão do Campeonato Carioca 2023. A indiscutível vitória tricolor hoje (9), no Maracanã, por 4 a 1 foi o troco após a derrota por 2 a 0 no jogo de ida, semana passada.
Os gols foram de Marcelo, Cano, duas vezes, e Alexsander. O Fla descontou com Ayrton Lucas. O resultado premia com louvor um organizado Fluminense, mesmo com Fernando Diniz fora do banco por causa da expulsão na primeira partida.
Faz o L
Artilheiro do Campeonato Carioca pela primeira vez, Germán Cano foi peça fundamental em mais uma campanha do Fluminense. Com 16 gols na temporada, o jogador liderou o time na briga pelo bicampeonato.
“Feliz! Desfrutar com ele [Lorenzo, receptor da famosa comemoração do L] aqui no Maracanã não tem preço. Incrível. A gente jogou muito bem, corremos para caramba e ganhamos o jogo muito bem”, disse o artilheiro, ao Flow.
O início do ano foi incômodo, com quatro jogos de jejum, mas o fim da seca foi em grande estilo. Três gols diante do Audax, dois contra Vasco, Portuguesa e Bangu e um no clássico com o Flamengo da Taça Guanabara. Depois disso, fez quatro na goleada sobre o Volta Redonda na semifinal do Estadual e mais dois no segundo jogo da decisão contra o Flamengo.
Nos outros anos, Cano sempre ficou em terceiro no ranking de artilheiros. Em 2020, perdeu para Gabigol e João Carlos (8 gols) e Caio Dantas (7), ficando empatado com Nenê (6). Em 2021, ficou atrás de Alef Manga (9) e Gabigol (8), marcando sete vezes. Já na última temporada, Gabi liderou (9) e Erison veio atrás (8). Cano fez sete.
Já chega campeão
Grande contratação do futebol brasileiro na temporada, Marcelo já chegou campeão ao Fluminense. Cercado de expectativas no retorno ao Tricolor após 17 anos, o lateral-esquerdo marcou um dos gols da decisão e assumiu papel importante principalmente fora do campo pela liderança exercida.
Dentro das quatro linhas, foi opção para Diniz pela primeira vez justamente no confronto de ida da final. O cenário adiou a estreia, que aconteceu dias depois na Libertadores como titular. Foi tietado até dentro de campo.
Agora, Marcelo repete o título que tinha vencido na primeira temporada como profissional, em 2005, quando estava longe de ser protagonista. A esperança é que seja apenas o primeiro dessa volta para casa.
[Meu filho] Está feliz, eufórico, tentei conversar antes explicando o que significava a Libertadores, óbvio que ele quer que eu ganhe tudo. Criança tem que falar o que sente. Estou ansioso, esperando o melhor momento para começar a treinar e pensar em jogar. Quero jogar a Libertadores e possivelmente brigar para chegar na final e ganhar.”
Marcelo
Base mantida e Xerém como resposta
Depois de ser contratado dizendo que o elenco do Fluminense parecia ter sido montado pensando nele, Fernando Diniz teve a oportunidade de construir o grupo da forma como pensava desde o início para 2023. O principal pedido: manter a base que deu certo no ano anterior.
O Flu renovou com o atacante Germán Cano, os meias Paulo Henrique Ganso e Jhon Arias, os volantes André e Martinelli, o lateral-direito Samuel Xavier e os zagueiros Manoel e David Braz, além do próprio treinador.
Chegaram como reforços os atacantes Keno e Lelê, os laterais Marcelo, Guga e Jorge, os meias Lima e Gabriel Pirani, o volante Thiago Santos, o zagueiro Vitor Mendes e o goleiro Vitor Eudes.
Todas as contratações passam por Diniz, mas algumas delas mostram uma das principais características do trabalho dele: a crença de que pode ajudar o atleta a se reerguer e ganhar confiança. São os casos de Gabriel Pirani e Thiago Santos, por exemplo.
Mesmo com novidades, o time titular base do Flu foi mantido. Somente Keno entrou e agora Marcelo tenta garantir a vaga na lateral ou no meio-campo, a depender de Diniz. O veterano, porém, compete com outra joia de Xerém, Alexsander. A ascensão (ele até marcou um dos gols da decisão) confirma um cenário visto ano após ano no Tricolor, em que jovens da base acirram as disputas contra os mais experientes.
Esse é o segundo título. A gente vai brigar por tudo. Temos elenco, trabalhamos muito para isso.”
Paulo Henrique Ganso, meia do Fluminense.
Flamengo em crise: 4 títulos perdidos em 2023
Quem assistiu ao segundo jogo da final do Campeonato Carioca logo entendeu que, se do lado do Fluminense o clima era bom, do lado do Flamengo existia uma crise. Com nome e sobrenome: Vítor Pereira.
O técnico português assumiu o time para essa temporada, após uma saída conturbada do Corinthians. E, como na decisão, nada parece dar certo para o técnico rubro-negro. Só em 2023, foram quatro títulos perdidos. O Flamengo falhou no Mundial de Clubes (em que não foi nem para a final) e perdeu as decisões da Supercopa do Brasil (para o Palmeiras) e da Recopa Sul-Americana (para o Independiente del Valle).
Vendo que o trabalho não funcionava, VP resolveu agir e mexeu em algo que nenhum técnico conseguiu alterar desde 2018 no Flamengo: o trio formado por Arrascaeta, Everton Ribeiro e Gabigol. Só Everton começou jogando no primeiro duelo contra o Flu, que terminou 2 a 0. Neste domingo, Everton e Gabigol estavam no 11 inicial.
Não deu certo e a continuidade do trabalho do português no Ninho do Urubu é incerta.
Botafogo e Vasco ficam devendo com SAF’s, e Voltaço é a zebra
Com aportes financeiros milionários de suas SAF’s, Botafogo e Vasco geraram expectativas em uma possível disputa de título, mas acabaram ficando pelo caminho gerando frustrações. Principalmente o Alvinegro, que sequer se classificou para as semifinais da competição.
O Vasco ficou em segundo lugar na fase classificatória (Taça Guanabara), mas foi superado pelo Flamengo nas semifinais com derrotas por 3 a 2 e 3 a 1.
Já o Botafogo terminou apenas na quinta colocação e teve que disputar um quadrangular da Taça Rio com Audax, Nova Iguaçu e Portuguesa, respectivamentes 6º, 7º e 8º colocados.
A surpresa acabou sendo o Volta Redonda, que com um estilo ofensivo, ousado e contando com o artilheiro Lelê, classificou-se para as semifinais e foi a zebra da competição. O Voltaço, porém, não foi páreo para o Fluminense e, após vencer o Tricolor por 2 a 1 em sua casa, sofreu uma acachapante goleada por 7 a 0 no Maracanã.
É normal?
O Fluminense volta a ser bicampeão carioca, algo que não acontecia desde o tri de 83, 84 e 85. Além disso, desbanca o Flamengo, considerado um dos melhores times do país, pela segunda vez consecutiva.
Para muitos, o Flu chegou na final como favorito. Não só pelo momento do rival, mas também pelo bom futebol apresentado nos primeiros quatro meses do ano. Foram somente quatro derrotas e um empate até aqui nos 16 jogos da temporada.
Tentando tornar esse momento uma rotina, o Fluminense busca diminuir a diferença de títulos para o Flamengo novamente. Agora, são 37 do rival contra 33 do tricolor.
Fonte: Tribuna do Povo
Mais fotos e mais noticias, click no @anoticiadovale