Um em cada três brasileiros fez alguma doação em dinheiro para instituições, grupos organizados, obras sociais de igrejas ou campanhas de arrecadação para projetos sociais no ano passado. Uma pesquisa do instituto Datafolha mostra que há uma proporção maior de doadores entre os mais ricos e mais escolarizados.
Proporcionalmente, mais moradores das regiões Sudeste, Centro-Oeste e Sul relataram que fizeram doações em dinheiro no ano passado. Nas regiões Norte e Nordeste, a contribuição com projetos sociais ou grupos organizados de caridade teve adesão menor.
O Datafolha ouviu 2.017 pessoas com mais de 16 anos entre os dias 9 e 13 de janeiro deste ano em todo o país. A pesquisa incluiu moradores de capitais, cidades de regiões metropolitanas e no interior de diferentes portes. A margem de erro é de 2 pontos percentuais.
A pesquisa não inclui situações em que o entrevistado deu alguma esmola ou fez uma doação diretamente ao beneficiário. Foram consideradas apenas as contribuições a projetos sociais e iniciativas coletivas de caridade.
Quem respondeu à pesquisa também foi orientado a não considerar a doação de dízimo a igrejas —apenas a contribuição para obras sociais específicas.
Cerca de metade das pessoas com ensino superior e com renda familiar acima de dez salários mínimos dizem ter feito doações em dinheiro ao menos uma vez no ano passado. A proporção de doadores cai à medida que o grau de escolarização e a renda diminuem.
Entre aqueles que ganham entre cinco e dez salários mínimos, 42% dizem ter feito alguma doação. Na faixa de dois a cinco salários, os doadores representam 29% (próximo à média nacional, de 31%). Já entre quem ganha até dois salários mínimos, 16% fizeram alguma doação em dinheiro.
Acompanhando essa tendência, 46% das pessoas que pertencem às classes A e B disseram ter feito alguma doação. Na classe C, foram 30%. Nas classes E e D, 20%.
Quando é considerado o grau de escolaridade, há uma discrepância muito maior entre aqueles que fizeram um curso superior e os que não fizeram. Cerca de metade (49%) das pessoas com grau universitário dizem ter feito alguma doação em dinheiro em 2022.
A proporção de pessoas que não souberam responder se fizeram alguma doação, sem considerar os casos em que pagaram dízimo para atividades da sua igreja, foi de 1% em todos os graus de escolaridade e em todas as faixas de renda.
A proporção cai para 28% entre pessoas que chegaram ao ensino médio, empatados tecnicamente com aqueles que estudaram apenas até o fundamental (24%).
As regiões Sudeste, Centro-Oeste e Sul estão empatadas tecnicamente na proporção de doadores. Elas tiveram 35%, 34% e 32% de entrevistados que respondem ter feito alguma doação, respectivamente. As regiões Nordeste e Norte também empatam, mas no limite da margem de erro: a proporção de doadores é de 26% e 23%, respectivamente.
Assim como a doação é menor entre as classes mais baixas, como mostra a pesquisa, há menos doadores nas regiões mais pobres do país. As regiões Nordeste e Norte têm níveis de rendimento mais baixos do que Sul, Sudeste e Centro-Oeste, segundo dados da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua) do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
No último trimestre do ano passado, segundo o IBGE, a média de renda mensal entre pessoas com mais de 14 anos que desempenham alguma atividade remunerada variava de R$ 3.166 a R$ 3.305 nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Na região Norte essa média é de R$ 2. 213, e no Nordeste, de R$ 1.885.
Tulio Kruse/Folhapress