Coordenadora da bancada baiana no Congresso Nacional, a deputada federal Lídice da Mata (PSB) defendeu que os congressistas aliados do governador Jerônimo Rodrigues (PT) participem da divisão dos cargos municipais no interior do Estado. O critério para o preenchimento desses espaços gerou uma disputa entre os deputados estaduais e os federais e um impasse na coordenação política do Executivo, como já revelou com exclusividade o Política Livre.
“Eu acho que os cálculos devem incorporar os deputados federais, que também desejam contribuir com o governo indicando nomes qualificados. É o correto, o justo. E é justo que não só os eleitos entrem na conta, mas todos os que disputaram o pleito pelos partidos aliados. Em muitos municípios tivemos candidatos a deputado federal que foram muito bem votados e onde não há estaduais eleitos da base com representação tão forte, como é o caso de Teixeira de Freitas, com Uldurico Júnior (MDB)”, disse Lídice em conversa com o site.
Se valer o critério defendido pelos deputados estaduais, que almejam exclusividade nas indicações para os espaços municipais com base no desempenho dos eleitos em 2022, quem terá prioridade de escolha em Teixeira de Freitas será Maria Del Carmen (PT), que teve, em números arredondados, 1,4 mil votos para a Assembleia Legislativa. Uldurico Pinto, nomeado recentemente por Jerônimo para presidir a Agência Reguladora de Saneamento Básico do Estado (Agersa), obteve 6,7 mil sufrágios na disputa por uma cadeira na Câmara Federal, mas ficaria de fora da distribuição no município de espaços do Detran, SAC e núcleo de educação, para citar alguns exemplos.
A coordenadora da bancada baiana no Congresso foi a maior defensora, na reunião do conselho político de Jerônimo, no último dia 4, da participação dos deputados federais na distribuição dos cargos municipais. Além dela, também apoiaram a contraproposta o comandante do PCdoB baiano, Davidson Magalhães, e o presidente de honra do MDB, Lúcio Vieira Lima.
Os líderes da bancada governista na Assembleia Legislativa, por sua vez, se colocaram veementemente contra rediscutir o assunto em reunião ocorrida na última segunda-feira (9) com o secretário de Relações Institucionais, Luiz Caetano. Eles querem que o critério mantido seja aquele acordado com Jerônimo na reunião que ocorreu no último dia 3, ou seja, as indicações devem ser feitas apenas pelos deputados estaduais eleitos com base no desempenho eleitoral de 2022.
O argumento dos deputados estaduais é que os federais já possuem cargos da União na Bahia e acesso a mais recursos para obras nas bases eleitorais. Os aliados do Executivo na Assembleia avisaram ao governo que aceitam dividir com os congressistas apenas os espaços proporcionais no interior, aqueles que abrangem mais de uma cidade – nesse caso, o critério é a votação proporcional dos partidos aliados.
“É correto, por exemplo, que Joseph Bandeira (PT), que perdeu a eleição, mas teve mais votos para federal do que o estadual eleito e faz política historicamente na cidade, fique de fora (da distribuição) em Juazeiro? É justo que Tito (Avante), que teve mais de 20 mil votos em Barreiras, fique de fora? É isso que nós estamos ponderamos, como fizemos na reunião do conselho político, de que o critério deve ser equilibrado porque somos todos aliados”, ressaltou Lídice.
No caso de Barreiras, não há deputado estadual eleito entre os dez mais bem votados em 2022. “Em acredito que o governador está sensível a essa questão porque o nosso pleito é justo. É bom lembrar que nós, que hoje estamos na base do governo estadual desde o primeiro turno das eleições, não tínhamos direito a ocupar espaços federais na Bahia até o ano passado, porque estávamos na oposição”, declarou Lídice.
Por Política Livre
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