Líder do União Brasil e presidente do partido têm atrito na disputa por cargos

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Às vésperas da votação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da reforma tributária ontem, o líder do União Brasil na Câmara, Elmar Nascimento, se irritou com o movimento de deputados da bancada para adiar a apreciação da proposta. Ele creditou a iniciativa ao presidente do partido, Luciano Bivar, que estaria insatisfeito com a demora do governo em trocar o comando do Ministério do Turismo.

Elmar e Bivar acumulam atritos, e o episódio de ontem fez aumentar a tensão interna na legenda. Com receio de que o movimento pudesse ser interpretado como chantagem ao governo no momento em que o partido negocia ministérios, Elmar precisou entrar em campo para aparar arestas e entregar o máximo de votos na pauta.

No fim das contas, 48 dos 59 deputados do partido apoiaram a reforma no primeiro turno. A orientação do partido foi favorável à proposta. Antes da votação da reforma tributária, Bivar divulgou uma nota em que defendia o adiamento da apreciação da matéria. O documento continha o nome de 38 parlamentares, mas alguns disseram à reportagem que não autorizaram a assinatura.

Nos bastidores, deputados falam até em levar o caso ao Conselho de Ética da Câmara por avaliarem que a nota seja “fake”. Alguns nomes estavam escritos de forma errada. De acordo com relatos, Elmar também enxerga interferência do deputado Celso Sabino (União-PA) no movimento encabeçado pelo presidente do partido.

O parlamentar vai ocupar o Ministério do Turismo no lugar da atual ministra Daniela Carneiro (União-RJ). No entanto, o governo vem adiando a troca na pasta, o que tem irritado Sabino, Bivar e aliados. O nome do “ministeriável” estava na nota, mas ele acabou votando a favor da reforma. A nota do partido foi, inclusive, emitida no mesmo dia em que o governo Lula anunciou que a ministra continua no cargo.

Bivar se reuniu nesta manhã com o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, para tratar do tema. Segundo aliados, ele está confiante de que a troca será feita até semana que vem. Padilha, no entanto, não confirma. De acordo com relatos, Elmar acredita que pressionar o governo na reforma tributária neste momento poderia passar o recado de “chantagem” por parte do partido.

O líder tem dialogado para conseguir, além do Turismo, o controle da Embratur, órgão subordinado ao Ministério e hoje sob comando de Marcelo Freixo. Ele já disse que quer um ministério “completo”. Elmar também cobra fidelidade da bancada ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), de quem é aliado.

A reforma tributária tornou-se a principal pauta de Lira. Ontem, minutos antes da votação da matéria, em um gesto incomum para presidentes da Câmara, Lira subiu à tribuna da Casa para fazer uma defesa contundente da PEC. Hoje, há expectativa de que Elmar se reúna com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, segundo líderes partidários da Câmara, para resolver as pendências ministeriais. Ele estava na Bahia, seu Estado de origem, mas retornou hoje a Brasília.

Giordanna Neves/Iander Porcella/Estadão/Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados

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