Diante da possibilidade de a ministra Luciana Santos ser retirada do Ministério de Ciência e Tecnologia, cobiçado pelo centrão em uma reforma ministerial, entidades ligadas à área divulgaram uma nota repudiando a mudança.
Embora não cite nominalmente a ministra, o texto, assinado pelas diretorias da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência) e da ABC (Academia Brasileira de Ciências), manifesta “preocupação com as notícias alarmantes de que o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação […] estaria sendo cobiçado por aqueles que não têm compromisso com as causas do conhecimento científico e do progresso econômico e social.”
“Não falamos de nomes, e sim de princípios. Não vamos pedir a indicação de ninguém, assim como não pedimos a demissão de ninguém, mas é indispensável que o ministério não seja envolvido em negociações que nada têm a ver com a ciência”, afirma o presidente da SPBC e ex-ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro.
Ribeiro, todavia, elogia a escolha de Santos: “Como deputada foi uma parlamentar que atuou pelo Marco Legal da Ciência e foi uma indicação do ministro Sérgio Machado Rezende, que, na avaliação do próprio presidente Lula, foi o melhor ministro da Ciência que o Brasil já teve”, diz Ribeiro.
O apoio da comunidade científica é uma das apostas de Santos para se manter no cargo. Outra é o seu perfil: é mulher, negra, nordestina e presidente de um partido historicamente fiel ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o PCdoB. Lula ainda não se manifestou sobre troca na pasta.
Outros ministérios comandados por mulheres já foram alvo de interesse do centrão, como o do Esporte, comandado por Ana Moser, e da Saúde, por Nísia Trindade. No Turismo, Daniela Carneiro foi substituído deputado federal Celso Sabino (União Brasil-PA).
Caue Fonseca/Folhapress/Foto: Valter Campanato/Agência Brasil