O depoimento bombástico do hacker Walter Delgatti Neto à CPI dos Atos Golpistas ainda terá de ser investigado para que as declarações – que, inclusive, implicam o ex-presidente Jair Bolsonaro e a deputada Carla Zambelli (PL-SP) em crimes – sejam confirmadas.
Até aqui, no entanto, as falas indicam que um grande golpe vinha sendo orquestrado para anular as eleições de outubro.
Já no começo do depoimento, Delgatti Neto admitiu participação em uma trama, supostamente idealizada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, para criar uma “falha fake” da urna eletrônica no dia 7 de setembro.
A estratégia culminaria no que aparenta ser a preparação de um verdadeiro golpe de estado.
Em uma fala detalhada, Delgatti revelou que após um encontro com Carla Zambelli, ele teve um encontro com o ex-presidente Jair Bolsonaro e outro com o marqueteiro dele, Duda Lima.
Teria partido de Lima a ideia de uma ação para indicar a fragilidade da urna eletrônica por meio de um código-fonte falso – o que só não ocorreu porque, segundo o hacker, a reunião vazou na imprensa e a ideia foi cancelada.
Delgatti falou, ainda, que Bolsonaro pediu para Moraes tentar invadir o sistema do Tribunal Superior Eleitoral a fim de desmoralizar o seu presidente, Alexandre de Moraes, que dizia que o sistema seria “inviolável”. E o ex-presidente da República teria dito ao hacker, ainda, que se alguém pedisse a prisão dele, que ele lhe concederia o indulto.
Esta e outras ações relatadas por Delgatti mostram que havia, no mínimo ,uma tentativa de ruptura institucional por parte do ex-presidente, ou de pessoas ligadas a ele, por meio do sistema eleitoral.
Essas afirmações ainda serão investigadas. Mas hoje, já se sabe de outras condutas devidamente comprovadas, como a reunião entre Bolsonaro e Delgatti no Palácio da Alvorada e os depósitos de assessores de Carla Zambelli na conta do hacker.
A minuta do golpe encontrada na casa do ex-ministro Anderson Torres e o decreto de garantia da lei e da ordem encontrado no celular de Mauro Cid também citam uma “operação de intervenção no TSE” – que poderia ser derivada das ações de Delgatti, ao que tudo indica.
Se confirmado, o depoimento de Delgatti também indica que o então presidente Jair Bolsonaro tomou conhecimento de vários crimes. E, se não ordenou, também não tomou nenhuma providência para evitá-los – e ainda tentou se beneficiar deles.
Por Valdo Cruz e Rodrigo Luiz/G1/Foto: Divulgação
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