Se as condições climáticas permanecerem desfavoráveis em 2024, há expectativa de recuperação de preços de alguns produtos agrícolas que recuaram bastante em 2023 em meio à elevação da oferta, como soja e milho. A avaliação é do gerente do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Carlos Alfredo Guedes.
A produção de cereais, leguminosas e oleaginosas deve somar 306,5 milhões de toneladas em 2024, queda de 2,8% em relação a 2023, 8,9 milhões de toneladas a menos, de acordo com o terceiro Prognóstico para a Produção Agrícola deste ano, divulgado pelo IBGE na quarta-feira, 10. No entanto, o resultado representa uma alta de 0,1% ante o segundo prognóstico, 317.834 toneladas a mais.
“Como a gente não começou a colheita ainda, é possível que as estimativas mudem um pouco daqui para frente”, disse Guedes. “Essas estimativas para culturas de segunda safra , principalmente milho e algodão, podem mudar bastante ainda, a depender do clima.”
O pesquisador ponderou que as condições climáticas não estão muito favoráveis, afetando inclusive culturas importantes como a soja, e que a previsão para a produção agrícola de 2024 ao longo do ano vai depender, sobretudo, do desempenho das culturas de segunda safra.
“As condições climáticas não estão tão favoráveis, estão afetando culturas importantes, devemos ter uma safra 2024 bem ajustada à de 2023”, disse ele.
Para o ano de 2024, o prognóstico aponta que a produção do milho 2ª safra deva recuar 12,8% ante 2023, 13,2 milhões de toneladas a menos, enquanto o milho 1ª safra encolheria 3,3%, 924,8 mil a menos. A estimativa para o sorgo é de recuo de 12,1% na produção ante 2023, menos 519,6 mil toneladas, e a safra de algodão herbáceo deve diminuir 3,3%, menos 254,7 mil toneladas.
Por outro lado, a safra de soja deve alcançar novo recorde, com crescimento de 1,7% na produção ante 2023, 2,6 milhões de toneladas a mais. Há estimativa de aumentos na produção também de feijão, alta de 4,2% ou 123,1 mil toneladas a mais; arroz, aumento de 1,6% ou 162,2 mil toneladas a mais; e trigo, alta de 33,0% ou 2,6 milhões de toneladas a mais.
Guedes lembra que a soja e o milho respondem por grande parte da safra agrícola brasileira, o equivalente a 88,5% da colheita apurada pelo Levantamento Sistemático da Produção Agrícola do IBGE.
A soja detém mais da metade da produção, uma fatia de 50,4% da safra brasileira de grãos. O milho de 2ª safra responde por uma fatia de 29,4%, e o milho de 1ª safra soma mais uma fatia de 8,7%.
“É possível que a gente tenha um aumento de preços em 2024 em alguns produtos. Lembrando que é uma recuperação de preços, porque em 2023 eles caíram muito”, disse ele, referindo-se à soja e ao milho.
No caso do arroz, Guedes diz que o grão já teve alguma recuperação de preço, uma vez que a produção de 2023 foi muito ajustada ao consumo.
“A gente já notou uma recuperação dos preços do feijão também em 2024”, disse Guedes. “Então é possível que alguns produtos tenham aumento de preços em 2024 ou recuperem um pouco os preços, depois de caírem bastante em 2023.”
Estadão/Foto: Arquivo