Crônica: Pedreiro Espacial

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Num futuro não muito distante, o homem enfim realizou um de seus principais objetivos colonizando um planeta vizinho: Marte.

A colonização se deu a passos lentos, mas aos poucos, o homem construiu bases para pouso e decolagem de aeronaves, inventou um sistema de oxigenação individual para a pessoa poder respirar sem usar muita parafernália etc.

Mais e mais terráqueos começaram a migrar para Marte. Era preciso construir habitações para essas pessoas, mas para que a adaptação ao novo planeta ocorresse de maneira natural, foi recriado o mesmo ambiente da Terra, sendo estruturados bairros com casas de alvenaria, ruas de asfalto, calçamentos etc., com isso, muitos pedreiros foram selecionados para trabalharem em Marte.

— Oh compadre Tonho! Cê não quer mesmo que eu leve seu currículo pra ir trabalhar em Marte?

— Larga mão disso compadre Zeca! Esse negócio não dá certo não!

— Por que compadre?

— Lá em Marte a gente pode tomar nossa pinguinha depois do serviço?

— Não compadre. Lá não tem nem bar.

— E fazer churrasquinho quando a gente acaba de encher laje. Pode?

— Também não. Na verdade a gente só vai comer comida em pílulas.

— E assobiar pra mulherada bonita que passa na rua? A gente vai poder?

— Não compadre. Lá em Marte não tem mulher passando na rua.

— Então compadre Zeca… eu não vou pra Marte coisa nenhuma, vou ficar aqui na Terra mesmo! – Concluiu o compadre Tonho, ajeitando o boné e coçando o barrigão.

Passaram-se dois meses e o compadre Zeca estava de volta à Terra.

— Ué compadre Zeca… já voltou de Marte?

— Voltei compadre. O negócio não deu certo não.

— Por quê?

— Choveu muito lá em Marte e com isso, a maioria das casas foram destruídas, o serviço foi perdido e até morreram mais de dez pedreiros que estavam lá com a gente. Agora não vão mais construir casas de alvenaria e com isso, os pedreiros foram todos dispensados.

— Nossa compadre! Mas tudo isso por causa da chuva? Mas então a chuva lá em Marte é mais forte que a chuva aqui da Terra?

— É compadre… principalmente, quando é chuva de meteoros.

Rodrigo Alves de Carvalho nasceu em Jacutinga (MG). Jornalista, escritor e poeta possui diversos prêmios literários em vários estados e participação em importantes coletâneas de poesia, contos e crônicas. Em 2022 relançou seu primeiro livro individual intitulado “Contos Colhidos” pela editora Clube de Autores, disponível na Amazon, Americanas.com, Estante Virtual e Submarino.

Por Rodrigo Alves de Carvalho

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