Presidente pede que João Campos acelere obras durante ano eleitoral

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O presidente Lula (PT) recomendou que o prefeito do Recife, João Campos (PSB), acelerasse as entregas de obras para inaugurar antes do período eleitoral. Pela legislação, um prefeito candidato à reeleição tem limitações para fazer inaugurações já durante a campanha eleitoral.

Lula participou no Recife da ordem de serviço para 18 obras de encosta em barreiras na periferia da cidade. O investimento é de cerca de R$ 40 milhões via Ministério das Cidades. As obras nas barreiras são uma demanda da cidade após as chuvas que deixaram mais de 120 mortos em maio de 2022.

Lula classificou a gestão de João Campos como “excelente”. “Sei que esse ano é de eleição e digo sempre que se a gente plantou, a gente aguou, a gente vai colher. Pode ficar certo disso. A partir de determinado mês você não pode nem mais inaugurar obra, então tudo o que você puder inaugurar, inaugure”.

A declaração foi mais um aceno na direção ao prefeito, que é aliado de Lula. O PT busca garantir a indicação para a vice de João Campos, mas conta com a resistência do prefeito, que prefere um nome mais próximo da sua confiança, já que poderá ser candidato a governador em 2026 contra a governadora Raquel Lyra (PSDB).

Ao pleitear a vice, o PT busca colocar João Campos numa encruzilhada. Se ele renunciar, o PT assumiria a Prefeitura do Recife, que já teve comando petista entre 2001 e 2012. Se João Campos optar por cumprir os oito anos do mandato, os petistas querem o apoio do prefeito a uma candidatura do PT a governador.

Durante o evento, Lula recebeu de João Campos e de um locutor o último microfone usado pelo ex-governador Eduardo Campos em um discurso. O presidente e o pai do prefeito tinham uma relação próxima, apesar de em 2014 estarem em palanques opostos. Vítima de um acidente aéreo, Eduardo morreu como candidato a presidente em oposição a Dilma Rousseff (PT) que disputava à reeleição.

Também nesta sexta, Lula foi a Iguatu (365 km de Fortaleza), onde sobrevoou as obras da ferrovia Transnordestina e assinou a ordem de serviço do Ramal do Apodi, obra que vai encurtar a ligação entre o eixo norte da transposição do rio São Francisco e o açude do Castanhão.

Durante a visita, um grupo de manifestantes formado por profissionais da educação e estudantes fez um pequeno protesto. Ergueram cartazes que cobravam do governador do Ceará, Elmano de Freitas (PT), melhorias para o setor educacional e contratação de professores. Entre os dizeres, estavam pedidos de “respeite o professor” e de aumento salarial para a categoria.

O manifesto chamou a atenção de Lula, no palco, que defendeu o direito de a população se manifestar. “Eu vi uns companheiros com umas placas aí levantando, protestando. Eu acho maravilhoso vocês poderem protestar porque houve um tempo que vocês não poderiam participar, nem levantar placa”, disse.

Segundo a assessoria do governo estadual, após o ato, Elmano recebeu uma parte dos manifestantes e “se comprometeu a avançar no diálogo das pautas apresentadas”.

Também em discurso, Lula afirmou que não voltou à Presidência para fazer o mesmo e disse que quer fazer mais do que em seus dois primeiros governos, entre 2003 e 2010. “Eu não voltei para ser presidente da República para fazer a mesma coisa que eu já tinha feito. Eu preciso fazer mais, eu preciso fazer melhor, eu preciso cuidar desse povo. E não é fácil porque eu estou competindo comigo mesmo”, disse.

No fim do ato, Lula chamou à frente do palco o responsável pela concessionária da ferrovia e um trabalhador da obra que havia discursado no início da solenidade. Em tom de brincadeira, deu uma bronca no operário por ele ter cumprimentado a primeira-dama, Janja.

“Você nunca mais beije minha mulher, rapaz. Você nunca mais encoste na minha mulher para beijar ela porque eu fico arretado, eu fico nervoso”, disse.

José Matheus Santos/Yaçanã Neponucena/Folhapress/Foto: Ricardo Stuckert/PR

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