O ministro Paulo Pimenta, da Secretaria de Comunicação Social, enviou à Polícia Federal (PF) na quinta (9) novos nomes para serem investigados pela suspeita de disseminarem fake news sobre as enchentes no Rio Grande do Sul. Dois médicos estão na lista.
Eles postaram vídeos em suas redes sociais afirmando que a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) estaria impedindo aviões particulares de decolarem com medicamentos doados às vítimas da catástrofe –o que a agência nega de forma enfática.
A dermatologista Roberta Zaffari Townsend afirmou a seus 33,5 mil seguidores no Instagram que ela e “colegas médicos” passavam pela “mesma situação”: tinham conseguido “aviões particulares” com “amigos” que estavam doando remédios. Os medicamentos, porém, não chegavam ao estado por causa da burocracia da Anvisa.
“Por favor, Anvisa, libera essas medicações. A gente precisa salvar vidas de pessoas”.
Já o médico Victor Sorrentino, que tem 1,3 milhão de seguidores na mesma rede, postou uma live afirmando que aviões privados, “em três aeroportos, carregados de medicamentos”, não conseguiam decolar por causa da “burocracia da Anvisa”.
“Estão fazendo as pessoas morrerem sem medicamentos aqui”, disse ele.
Sorrentino já foi detido no Egito, em 2021, acusado de assédio sexual, e suspenso por um mês, em abril deste ano, pelo Conselho Regional de Medicina do RS por violar o Código de Ética da profissão.
O vídeo de Sorrentino teve tal impacto que a Anvisa divulgou uma nota, sem citá-lo, afirmando que “não efetuou qualquer restrição ao transporte de medicamentos destinados ao Rio Grande do Sul”.
A assessoria da Anvisa afirmou ainda à coluna que, “exceto pela postagem veiculada nas mídias sociais, não recebemos nenhum outro relato de aeronaves impedidas pela Anvisa de transportar medicamentos”.
Os médicos Victor Sorrentino e Roberta Townsend não responderam às mensagens enviadas pela coluna.
Mônica Bergamo/Folhapress/Foto: Marcelo Camargo/Arquivo/Agência Brasil