A nossa educação anda caindo pelas tabelas mesmo. A educação brasileira tem decaído muito, nos últimos tempos, mais ainda por causa do hiato durante a pandemia, e isso tem refletido nas últimas gerações. É claro que não é só a escola que deve dar educação as nossas crianças, isso deve começar em casa, mas se os pais não tiveram uma boa educação, como poderão passar para seus filhos uma educação decente?
Eu fico pasmo com o uso do celular em público, de uma maneira geral. Em qualquer lugar que a gente esteja, tem sempre alguém falando ao telefone, às vezes falando tão alto que atrapalha quem está por perto, esteja fazendo o que quer que seja: conversando, lendo, até pensando. Parece que as pessoas não se importam em expor a sua vida particular, não têm o menor problema em evidenciar a pouca educação, falando palavrões a altos brados, pormenorizando situações íntimas que ninguém tem interesse em saber.
No ônibus, então é um terror. Sempre há um cristão – às vezes mais de um ao mesmo tempo – falando tão alto ao telefone que todo o ônibus pode ouvir. E o pior é que não é uma coisa rápida. Alguns ficam no telefone desde que entram no ônibus até saírem dele. Fica-se sabendo tudo da vida de uns e outros, mesmo que absolutamente não interesse a ninguém. Porque se houver alguém que se interesse, coisa boa é que não resultará disso.
Então fico pensando, cá com meus botões: que necessidade é esse que as pessoas têm, de expor e impor a sua vida a terceiros? Cadê a educação, a discrição que deveria lhe ter sido ensinada, cadê o bom senso? Deveriam, no mínimo, ter a preocupação de não incomodar os vizinhos à volta, que todos têm o direito de viajar em paz.
Aqui em Florianópolis proibiram de ligar a música no celular ou outro aparelho sem o fone de ouvidos, pois estava virando bagunça: um ligava a música mais alto do que o outro e os usuários eram obrigados a ouvir música de gosto duvidoso, com qualidade de som horrível e muito alto. Deveriam proibir, também, de falarem ao telefone como se quisessem ser ouvidos pelo interlocutor não pela transmissão das antenas, mas pelo alcance do som da própria voz.
Tenho esperança de que a educação brasileira melhore, daqui para a frente, e que tenhamos as novas gerações com uma postura mais coerente e digna diante da vida, diante do próximo, diante de tudo. E que essas mazelas e outros desrespeitos passem a ser coisa do passado.
Por Luiz Carlos Amorim – Escritor, editor e revisor, cadeira 19 na Academia SulBrasileira de Letras, Fundador e presidente do Grupo Literário A ILHA, com 44 anos de trajetória. Http://luizcarlosamorim.blogspot.com.br