Mulheres na Ciência: Histórias que transformam vidas nos hospitais universitários da Ebserh

Cidades Petrolina

Para promoção da igualdade de gênero e destaque da contribuição feminina no avanço científico e tecnológico, a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu, em 2015, o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, celebrado em 11 de fevereiro. A Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) valoriza a atuação das milhares de mulheres que fazem a diferença dentro dos seus 45 hospitais universitários. Conheça a história de quatro dessas mulheres e constate o potencial de suas pesquisas, sejam na assistência, na gestão ou no ensino, que impactam a vida da população em diversas áreas do conhecimento.

Possibilidade

Karolyna Alves, 25 anos, está no 10º período de Engenharia de Produção na Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf). Em meados de 2023, ingressou como bolsista no Programa de Iniciação Tecnológica- PIT pelo Hospital Universitário da Univasf (HU-Univasf). “Um engenheiro nasce para tornar acessível toda pesquisa, todo o conhecimento que foi desenvolvido pelos pesquisadores ao longo dos anos. Temos o dever de trazer esse conhecimento para a realidade da sociedade, de uma forma viável”, enfatizou Karolyna.

A estudante colocou isso em prática por meio do projeto Laboratório Multiusuário de Inovação e Avaliação de Tecnologias em Saúde (LAMATIS), sob a orientação do professor Henrique Takashi Idogava. No projeto, desenvolveu estudos sobre técnicas de resistência dos materiais de impressão 3D, aplicando-os em prol da saúde dos pacientes do HU-Univasf, com a confecção de biomodelos oriundos de tomografias e ressonâncias magnéticas.

Karolyna já foi premiada duas vezes, sendo a mais recente no encerramento do PIT, onde conquistou o primeiro lugar, representando o HU nacionalmente. Mais do que o reconhecimento, ela destaca a importância de fazer a diferença na prática: “Com o auxílio da impressão 3D, desenvolvemos o molde de uma órtese para um paciente com traumatismo craniano, evitando que suas mãos e pés atrofiassem. Auxiliamos também os profissionais de saúde para que fosse possível uma recuperação sem sequelas”, comentou a acadêmica, ao lembrar um dos casos.

“Uma vez ouvi a frase: ‘O impossível foi criado por alguém que desistiu’ e a partir daquele momento, decidi que não criaria impossíveis na minha vida. Vou me permitir acessar e criar possibilidades para alcançar resultados. Estudamos muito, eu e toda a equipe da qual faço parte. Aproveitamos as oportunidades, abrimos novas portas para outras pessoas e tornamos algo possível”, comemorou.

Realização

Tatiana Noronha é pediatra, infectologista, professora e pesquisadora, além de chefe da Unidade de Gestão da Pesquisa do Hospital Universitário Antônio Pedro (Huap-UFF). Atua há mais de 20 anos com pesquisa clínica. Moradora de Niterói, desde pequena passava em frente ao hospital e afirmava que estudaria ali. Sonhava em fazer Medicina, ser pediatra e professora – essa última inspirada por sua mãe. Graduou-se na Universidade Federal Fluminense e boa parte da sua formação ocorreu no Huap.

Durante a residência em Infectologia Pediátrica no Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira (IPPMG/Ebserh), Tatiana começou a se interessar pelo estudo das vacinas. Em 2005, iniciou um projeto na Fiocruz e foi apresentada ao mundo da pesquisa clínica. Ficou emocionada ao ver como os dados gerados poderiam repercutir em uma política nacional de vacinação. “Mostravam, após uma observação de mais de 21 mil crianças, que uma vacina distribuída em todo o país, de fato, era segura, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida e da sobrevida infantil”, contou.

Tatiana continua realizando pesquisa no Huap e em colaboração Internacional. Elaborou estudos e publicações que demonstraram a efetividade da estratégia de vacinação contra a Covid-19. “Participei de grupos de pesquisa que geraram dados mostrando que estávamos no caminho certo em termos de efetividade. Esses dados foram divulgados em revistas científicas e apresentados ao Ministério da Saúde e à Organização Mundial da Saúde, colaborando diretamente para as políticas de vacinação. Isso teve impacto direto na população, com a redução da carga de doenças e hospitalizações e a melhoria do acesso à saúde”, afirmou.

Equidade

Joana D’arc Aroca, chefe da Unidade de Saúde Mental do Hospital Universitário da Universidade de Grande Dourados (HU-UFGD), é formada em Enfermagem pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), especialista em Obstetrícia, doutoranda em Ciências e estudante de Direito pela UFGD. Sua trajetória acadêmica e profissional é voltada para a interseção entre saúde pública, políticas públicas e direitos humanos.

“No mestrado, pesquisei arboviroses, aprofundando o conhecimento sobre doenças infecciosas e seus impactos populacionais. Também participei do estudo multicêntrico pioneiro da Fiocruz sobre a história natural da Covid-19. No doutorado, minha pesquisa foca no uso de um método inovador para rastreamento do HPV e prevenção da morbimortalidade por câncer de colo uterino em mulheres negras”, explicou.

Segundo ela, a sinergia entre pesquisa e prática possibilita transformar evidências científicas em ações concretas. O impacto direto é a ampliação do acesso a exames preventivos para um cuidado mais equitativo e para a redução da mortalidade por câncer de colo uterino. “Meu fio condutor é a busca por justiça social na saúde, garantindo que populações historicamente negligenciadas tenham acesso a diagnóstico, tratamento e políticas públicas eficazes”, concluiu.

Aprendizado

A arquiteta Kamila Porto, atualmente lotada na sede da Ebserh, formou-se na Universidade Federal do Tocantins (UFT) e possui experiência na área de fiscalização de obras, com ênfase em avaliação de projetos. Foi uma das autoras, juntamente com a equipe do Setor de Infraestrutura do Hospital Universitário de Lagarto da Universidade Federal de Sergipe (HUL-UFS), do projeto “Aplicação da tecnologia eficiente na melhoria dos recursos hídricos”. Ele conquistou o terceiro lugar na categoria “Seddiqi Holding Prêmio de Excelência em Responsabilidade Social e Ambiental” no Prêmio IHF 2024, da Federação Internacional de Hospitais.

Kamila explicou que o objetivo era melhorar a eficiência do tratamento de água para consumo no HUL, gerando também economia no primeiro ano de instalação do sistema avançado de tratamento de água potável. “O sistema conta com uma estação compacta de tratamento de água, composta por equipamentos que viabilizam a desinfecção, filtragem e remoção de substâncias. As vantagens extrapolaram o fator financeiro, pois o ganho de qualidade na assistência foi um destaque da implantação”, frisou.

Para Kamila, um dos principais desafios é conciliar o tempo de dedicação a projetos com as responsabilidades diárias de um ambiente de trabalho e os cuidados familiares. “As mulheres, apesar de todo o potencial de competir igualmente no mercado de trabalho, são cobradas em dobro, devido aos estereótipos que afirmam que somos capazes de conciliar facilmente a vida profissional e a pessoal. Essas questões tornam o destaque e o avanço na carreira um desafio ainda maior para nós”, refletiu.

As palavras que se destacam nesse texto sintetizam o que a pesquisa representa na vida de cada uma dessas mulheres: Possibilidade; Realização; Equidade; Aprendizado. E para você, qual palavra define a sua trajetória?

Sobre a Ebserh

Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.

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