Ministros do STF desconfiam que oposição tentará politizar julgamento de Bolsonaro usando parecer da OEA sobre liberdade

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A visita do relator especial para a liberdade de expressão da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), Pedro Vaca, ao Brasil tem gerado desconfiança em setores do governo Lula e entre ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

Embora a conversa que ele teve com o presidente do STF, Luís Roberto Barroso, e com o ministro Alexandre de Moraes tenha sido considerada positiva, há uma desconfiança de que eventuais críticas que Vaca faça no documento que vai divulgar sejam usadas por integrantes da oposição para politizar o julgamento de Jair Bolsonaro (PL), que deve ocorrer ainda neste semestre.

Depois de conversar com os magistrados, Vaca esteve com parlamentares bolsonaristas. Ouviu deles contundentes críticas ao STF. O senador Magno Malta (PL-ES) só se referia ao ministro Dias Toffoli como “esse rapaz aqui”, afirmou que o Brasil “já vive uma ditadura” e disse que os ministros do STF não passavam de um “estelionato”.

Assim que deixou a reunião com os bolsonaristas, Vaca foi questionado por um jornalista do portal Metrópoles, e respondeu: “O tom dos relatos é realmente impressionante”. Disse ainda que tudo será avaliado “com calma”.

Questionado se a reunião com os ministros do STF tinha sido “satisfatória”, afirmou que os magistrados já haviam publicado um “press release” sobre ela. “É a voz deles. Teremos a nossa depois”, disse.

Integrantes do governo e representantes da sociedade civil que integram o Conselhão e conversaram com Vaca afirmam que a reação dele às afirmações de que há liberdade de expressão no Brasil foram protocolares.

Vaca foi convidado para visitar o país pelo governo, por meio do Itamaraty e da missão do Brasil junto à OEA depois que, no ano passado, parlamentares brasileiros ligados a Bolsonaro foram aos EUA para denunciar o que consideram perseguição e censura por parte do STF.

Mônica Bergamo/Folhapress/Foto: Marcelo Camargo/Arquivo/Agência Brasil

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