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Especialista alerta para a importância do diagnóstico precoce e destaca novas terapias que podem revolucionar o tratamento da doença no Brasil.
No dia 15 de fevereiro, o mundo volta a atenção para a luta contra o câncer infantil. A data, reconhecida como o Dia Internacional do Câncer Infantil, tem o objetivo de conscientizar a sociedade sobre a importância do diagnóstico precoce e do acesso a tratamentos eficazes. No Brasil, entre os tipos mais comuns, a leucemia linfoblástica aguda (LLA) lidera as estatísticas, representando cerca de 30% dos casos, seguida pelos tumores cerebrais.
Diferente do câncer em adultos, que conta com exames preventivos como mamografia e colonoscopia, os tumores infantis não possuem rastreamento sistemático. Além disso, os primeiros sintomas podem ser confundidos com doenças comuns da infância, como infecções e viroses, o que frequentemente retarda o diagnóstico. Oncologista e professor do Idomed de Jaraguá do Sul, Luís Stoeberl destaca que a demora no diagnóstico varia de acordo com a oferta de infraestrutura em cada localidade. “O tempo entre o surgimento dos primeiros sintomas e o diagnóstico varia drasticamente entre capitais e regiões mais afastadas, por exemplo”, explica.
Outro fator preocupante é a falta de informação. Muitas famílias desconhecem os sinais da doença e ainda persiste o mito de que “crianças não têm câncer”, o que pode fazer com que os sintomas sejam subestimados. Para mudar essa realidade, Stoeberl reforça a importância do fortalecimento da atenção primária, da capacitação de pediatras e do investimento em campanhas de conscientização, como o Setembro Dourado, que alerta sobre os sinais da doença. “Muitos pais desconhecem os sinais do câncer infantil e demoram para buscar atendimento médico. Campanhas de conscientização são fundamentais para divulgar sintomas como fadiga, palidez e falta de apetite prolongada”, enfatiza o oncologista.
O tratamento do câncer infantil exige uma abordagem multidisciplinar, que melhora significativamente a qualidade de vida dos pacientes. Centros especializados que contam com oncologistas, hematologistas, enfermeiros, fisioterapeutas, psicólogos e assistentes sociais conseguem taxas de cura superiores a 80% para a leucemia linfoblástica aguda. “Com uma equipe multidisciplinar, cada aspecto do tratamento é realizado de forma integrada, garantindo um cuidado mais completo tanto para o paciente quanto para os membros da família”, destaca Stoeberl. No caso dos tumores cerebrais, a presença de neurocirurgiões, neurologistas e terapeutas ocupacionais ajuda a reduzir sequelas e garantir uma reabilitação mais eficaz.
O médico diz ainda que, nos últimos anos, avanços científicos têm trazido novas esperanças para o tratamento do câncer infantil. Entre as terapias mais promissoras está a CAR-T, que modifica as células de defesa do próprio paciente para atacar as células cancerígenas. Essa técnica tem mostrado alta eficácia em leucemias resistentes a outros tratamentos. No entanto, o custo elevado – cerca de R$ 2 milhões por paciente – ainda é um obstáculo. “Uma solução para enfrentar a barreira do custo é produzir a terapia nacionalmente, e já há pesquisas sendo feitas por instituições como o Instituto Butantan e o Hospital Albert Einstein”, explica o oncologista.
Outra inovação importante é a radioterapia com prótons, que permite atingir diretamente o tumor sem prejudicar tecidos saudáveis ao redor, sendo ideal para tratar tumores cerebrais e ósseos em crianças. De acordo com o médico, o Instituto Nacional do Câncer (Inca), no Rio de Janeiro, está construindo o primeiro centro de radioterapia com prótons da América Latina, o que permitirá que essa tecnologia seja oferecida pelo SUS no futuro.
Os principais sinais do câncer infantil incluem palidez e cansaço extremo, perda de peso sem motivo aparente, febre persistente, manchas roxas ou sangramentos inexplicáveis, dores ósseas e articulares, aumento dos gânglios linfáticos, além de vômitos e dores de cabeça frequentes, principalmente pela manhã.
Assessoria Edusaude/Foto: Divulgação