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O diretor de escola afastado do cargo após denúncias de importunação sexual, assédio moral e racismo, na cidade de Itabuna, no sul da Bahia, foi exonerado. A medida foi publicada no Diário Oficial do Estado (DOE) deste sábado (15). A Secretaria de Educação do Estado (SEC) tinha informado que Denelísio Nobre estava afastado por motivos de saúde. Não há informações sobre o motivo da exoneração.
Na sexta-feira (14), estudantes protestaram na porta do Complexo Integrado de Educação Básica, Profissional e Tecnológico (CIEBTEC), onde o suspeito ocupava o cargo de diretor. Além de jovens matriculados na unidade, ex-alunos também participaram do ato.
“No ano passado, os alunos foram assediados em uma reunião. Depois disso, diversas alunas denunciaram assédios do diretor. Eu já sofri racismo desse mesmo diretor em uma reunião, enquanto tentava solucionar problemas da instituição. Ele me comparou, de forma depreciativa, com negrinhos da África que passam fome. Ele quis dizer que, por eu e minha prima sermos negros, nós passamos fome. E isso não podemos aceitar”, afirmou disse Matheus Marcel Santos, ex-aluno.
Os estudantes pedem que o diretor seja substituído e punido pelos crimes. Denelísio Nobre se declara inocente.
“A escola era para ser um lugar de acolhimento dos alunos e, depois desses casos, fica desconfortável, até para a gente que está estudando. E o nosso objetivo é ter mudança na gestão e, principalmente, a segurança dos alunos”, afirmou a aluna Yasmin de Jesus.
Após a manifestação, o grupo foi recebido por equipes da Secretaria da Educação do Estado, responsável pela unidade de ensino, que estavam na cidade. Segundo os estudantes, foi dito na reunião que as providências necessárias da pasta estão sendo adotadas.
Em nota a Secretaria reforçou que está em curso um processo de apuração das denúncias, que serão tratadas com toda celeridade que o caso pede.
A investigação, que é feita pela Delegacia Territorial (DT) de Itabuna, corre em segredo de Justiaça.
“As informações que chegaram para a gente é de que esse caso que aconteceu aqui em Itabuna não é um caso isolado. Diversos outros estudantes vêm fazendo esse tipo de denúncia, mas têm medo de colocar a cara, vir a público e formalizar uma queixa. A partir desse momento, eu coloco nosso órgão à disposição”, afirmou o vice-presidente da União Estadual dos Estudantes, Álvaro Garrido.
Denúncias-O diretor do CIEBTEC, Denelísio Nobre, foi afastado do cargo após estudantes denunciarem atos de importunação sexual, assédio moral e racismo.
A medida foi tomada pela Secretaria de Educação da Bahia (SEC) após alunos procurarem a advogada Úrsula Matos, depois que ela fez uma palestra na unidade, para comentar sobre os comportamentos do diretor.
“Fui convidada pelo CIEBTEC para dar duas palestras: uma sobre violência doméstica e a outra sobre assédio sexual e moral na escola e no trabalho. Ao final da palestra mais de 20 adolescentes e jovens me cercaram e começaram a relatar as coisas que estavam vivendo protagonizadas pelo diretor Denelísio Nobre”, afirmou.
“Meninas que me falaram sobre oferta de valores para fazer favores, como dar um beijo. Valores sexuais né. Teve uma delas que ele chegou a ofertar R$ 200 para que desse um beijo na boca dele”, contou a advogada.
A Secretaria de Educação do Estado informou, inicialmente, que o servidor havia sido afastado das funções. Depois, o órgão disse que ele fora das salas de aula por motivos de saúde.
A pasta afirmou ainda que a direção do Núcleo Territorial de Educação do Litoral Sul (NTE 05), Ouvidoria e Corregedoria mantêm diálogo com a comunidade escolar.
Além de negar as acusações, o diretor ressaltou para a TV Santa Cruz, afiliada da TV Bahia na região, que tem mais de 30 anos de serviços prestados na educação em Itabuna, sem nenhum tipo de reclamação, e não quis gravar entrevista.
Segundo a advogada Úrsula Matos, os estudantes denunciaram o comportamento do diretor durante uma reunião que aconteceu em 2024, onde ele teria usado palavras com teor sexual.
“Nessa reunião Denelísio, que é o diretor, proibiu a entrada da vice-diretora e dos professores. Uma das mães chegou lá para entregar um objeto para uma aluna e ele disse: ‘Vaza daqui. Entrega e vaza’. Nessa reunião, que a gente não sabe qual o propósito, ele disse que tinha utilizado linguajar dos adolescentes. E aí ele começou a falar coisas absurdas”, relatou.
Um dos estudantes, que preferiu não revelar a identidade, contou que o diretor pediu para que os alunos não se assustassem, porque ele iria “falar na linguagem juvenil”, que “quem quisesse pegar ele, tava de boa” e que “quem era gay, que podia dar mesmo, e que mulher podia dar também, só que tinha que ter cuidado para não engravidar e ficar com os peitos murchos, caídos”.
“A reação de todo mundo foi ficar estagnado, porque ninguém conseguiu saber o que fazer ali”, relembrou o aluno.
Fonte: G1 Bahia