Estudo da Sudene mostra mulheres nordestinas mais escolarizadas, porém com maior jornada de atividades

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A Sudene divulgou nesta sexta (7) um estudo inédito que revela o perfil econômico e social das mulheres nordestinas, destacando uma realidade que desafia expectativas. De acordo com os dados do boletim temático ‘Mulheres do Nordeste’, lançado por ocasião do Dia Internacional da Mulher, comemorado neste sábado (8), o público feminino da região possui maior grau de escolaridade que os homens: são 8,9 anos de estudo em média contra 8,1 anos. Elas ainda são a maioria entre os concluintes de cursos de pós-graduação (56,98%) no Nordeste. No entanto, o levantamento mostra que esta conquista educacional não se reflete em condições de igualdade no mercado de trabalho, já que elas enfrentam uma jornada diária muito maior, dividindo-se entre atividades de cuidado e tarefas domésticas.

Na região, a taxa de alfabetização feminina (92,7%) é ligeiramente superior à masculina (91,0%), enquanto o percentual de mulheres que tem o ensino médio completo (34,9%) e o ensino superior completo (14,1%) é maior do que comparado à parcela masculina nas mesmas etapas de ensino. Apesar da maior qualificação educacional, os efeitos não são percebidos diretamente nas remunerações atribuídas às mulheres. Elas possuem um rendimento médio mensal de R$ 1.699,00 – 15% a menos do que o valor percebido pelos homens na região.

O contexto de formação profissional torna-se ainda mais desafiador quando são avaliados os números médios de horas semanais dedicadas aos cuidados de pessoas e/ou afazeres domésticos das pessoas de 14 anos ou mais de idade. As mulheres nordestinas ocupam 23,5 horas semanais com estas atividades, enquanto homens, apenas 11,8 horas.

Na questão da vulnerabilidade social, a região registra Índice de Vulnerabilidade Social (IVS) de 0,313 para as mulheres, a maior taxa do País. No entanto, é delas a maior participação na responsabilidade das famílias que participam de políticas de transferência de renda como o Bolsa Família. Hoje, 81,7% dos lares beneficiados por este programa na região estão sob responsabilidade das mulheres.

Política

No cenário político, as mulheres são maioria no público eleitoral, correspondendo a 53% do público votante na região. O Nordeste ainda apresenta o segundo maior percentual de mulheres eleitas no País para o poder legislativo municipal (19,5%) e o maior no executivo municipal (21%).

As mulheres nordestinas exercem papel fundamental para o progresso da região. Elas possuem um nível educacional superior ao dos homens, mas enfrentam desafios como desigualdade de renda, dupla jornada e subrepresentação política. Por isso, na Sudene, temos empreendido ações que visam não apenas reduzir desigualdades, mas também ampliar as oportunidades e o reconhecimento das mulheres nordestinas como agentes transformadoras da região”, comentou a doutora em Estatística e coordenadora do estudo, Gabriela Nascimento. O documento completo está disponível no site da Sudene.

Foto: reprodução

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