Lula afirma que União Brasil tem o direito de indicar o substituto de Juscelino Filho

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O presidente Lula (PT) afirmou nesta quarta-feira (8) que o União Brasil “tem o direito” de indicar o substituto de Juscelino Filho, demitido do Ministério das Comunicações.

“O União Brasil tem o direito de me indicar um sucessor para o Juscelino, que é do União Brasil. Eu já tenho um nome, eu conheço o Pedro Lucas, amanhã de manhã eu vou conversar com o União Brasil e, se for o caso a gente discute a nomeação dele”, disse o presidente a jornalistas em Tegucigalpa, capital de Honduras, para participar da cúpula da Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos).

Pedro Lucas é deputado federal pelo União Brasil-MA, foi vice-líder do governo na Câmara e é líder de seu partido na Casa.

Segundo Lula, a saída de Juscelino “não precipita” uma reforma ministerial mais ampla. “Qualquer decisão do governo é uma decisão unilateral do presidente da República. A não ser que um partido, que tenha um ministro queira tirar um ministro.”

Na terça (8), Lula havia pedido para Juscelino se demitir após o agora ex-ministro ter sido denunciado pela PGR (Procuradoria-Geral da República) sob acusação de corrupção passiva e outros crimes relacionados a desvio de emendas.

Suspeita-se que, quando ainda atuava como deputado, Juscelino, eleito pelo União Brasil do Maranhão, tenha indicado emendas parlamentares para obras com irregularidades executadas em Vitorino Freire (MA), cidade governada por Luanna Rezende, sua irmã.

Um dos elementos utilizados pela PF é um relatório da CGU (Controladoria-Geral da União) segundo o qual uma das obras beneficiou propriedades da família do ministro.

A investigação teve início após o jornal Folha de S.Paulo revelar, em 2022, que a empreiteira Construservice, então vice-líder em licitações da estatal federal Codevasf, havia utilizado laranjas para participar das concorrências públicas e tinha como sócio oculto Eduardo José Barros Costa, conhecido como Eduardo Imperador. Antes disso, a polícia já investigava suspeitas de um esquema desse empresário com verbas do Ministério da Educação.

Após ter o pedido judicial atendido, a PF deflagrou a operação Odoacro, prendeu Eduardo DP, como o empresário também é conhecido, e apreendeu seus celulares. Ao analisar os aparelhos, a corporação descobriu que ele trocou mensagens com Juscelino sobre a destinação das emendas parlamentares quando o político ainda era deputado federal.

Em junho do ano passado, quando a PF concluiu que o ministro integrou uma organização criminosa, Lula afirmou que afastaria o político caso ele fosse denunciado. Sua defesa afirmou nesta terça que o político é inocente e disse confiar na refutação das acusações pelo STF (Supremo Tribunal Federal).

“O ministro reafirma sua total inocência e destaca que o oferecimento de uma denúncia não implica em culpa, nem pode servir de instrumento para o MP [Ministério Público] pautar o país”, afirmaram seus advogados. “Temos um indício perigoso de estarmos voltando à época punitivista do Brasil, quando o MP conversava primeiro com a imprensa antes de falar nos autos”.

Daniela Arcanjo/Folhapress/Foto: José Cruz/Agência Brasil/Arquivo

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