
O Conclave reunirá cardeais de todas as partes do mundo para definir quem conduzirá a Igreja Católica diante dos complexos desafios espirituais e culturais do século XXI.
O falecimento do primeiro papa de origem latino-americana, reconhecido por seu perfil progressista apesar de sua formação jesuíta, reavivou intensos debates quanto ao perfil de seu sucessor. Como nas últimas eleições papais, permanece a mesma incógnita: será escolhido um progressista ou um conservador? Um europeu ou um representante das antigas colônias europeias na África, América ou Ásia? As primeiras análises convergem para uma avaliação consensual entre os especialistas do Vaticano: o novo papa, que se tornará a face pública da Igreja Católica, deverá ser um líder capaz de unificá-la, reorganizá-la e fortalecê-la, conduzindo-a com firmeza no século XXI sem renegar sua tradição milenar. A convocação dos cardeais já foi realizada, e neste Conclave será definida a resposta. Contudo, há ponderações relevantes que merecem atenção.
Aproveitar obras cinematográficas como O Conclave, indicado ao Oscar de Melhor Filme deste ano, ou Dois Papas, dirigido por Fernando Meirelles e indicado ao Oscar em 2020, pode oferecer uma compreensão mais profunda sobre a dinâmica que rege a escolha de um novo Pontífice. Tal como em momentos anteriores, é plausível que o próximo papa venha de uma nação periférica ou de um país com expressiva população católica. O quadro atual mostra que o catolicismo avança na África, América Latina e Ásia, enquanto a Europa enfrenta um processo contínuo de secularização. Eis a interrogação: de onde emergirá o novo líder da Igreja? Da tradição ou da renovação?
Em razão desse panorama, cresce a expectativa de que o novo papa apresente um perfil nitidamente conservador ou, no máximo, moderado. A eleição de um progressista é considerada improvável, pois uma parcela significativa dos cardeais e dos fiéis acredita que lideranças progressistas contribuem para a evasão de membros, promovendo um ativismo mais político que espiritual, o que tende a afastar os fiéis genuinamente engajados. A sucessão papal transcende, assim, a mera escolha de um nome: representa uma verdadeira batalha entre distintas concepções de mundo dentro da cúpula contemporânea da Igreja Católica Apostólica Romana.
Entre os cardeais de orientação mais tradicional, consolida-se a percepção de que é imprescindível restaurar a dimensão espiritual e missionária da Igreja, considerada ofuscada nos últimos anos por disputas sociopolíticas. Este Conclave, portanto, não apenas indicará quem ocupará o trono de Pedro, mas também delineará o futuro espiritual, pastoral e estratégico que o catolicismo trilhará nas próximas décadas.
Por Teobaldo Pedro