
A doença de Chagas ainda está entre as quatro principais causas de mortes por doenças infecciosas no Brasil, segundo o Ministério da Saúde. Em estudos recentes, as estimativas de brasileiros com a doença variam de 1,9 a 4,6 milhões de pessoas. Nos últimos 10 anos, foram registrados em média 4 mil óbitos a cada ano no país tendo como causa básica a doença de Chagas. Os dados estão no Boletim Epidemiológico de 2022, da Secretaria de Vigilância e Saúde, do Ministério da Saúde, sobre a territorialização e vulnerabilidade para doença de Chagas crônica.
O Boletim estima que a região norte do país é uma das áreas mais afetadas, principalmente no Pará, Amazonas e Amapá, devido ao consumo de açaí e caldo de cana mal processados. Existem também muitos casos vetoriais, com focos de transmissão por insetos barbeiros silvestres em áreas rurais do Nordeste (Bahia, Ceará, Piauí) e Centro-Oeste (Goiás, Mato Grosso).
A doença de Chagas é provocada por um protozoário chamado de Trypanossoma cruzi e transmitida por um inseto conhecido como barbeiro. Trata-se de uma doença infectocontagiosa, descoberta pelo cientista brasileiro Carlos Chagas, em 1909, daí o nome dado em homenagem ao descobridor da doença.
Conforme a Organização Mundial de Saúde (OMS), a doença de chagas crônica é endêmica em 21 países das Américas. A infecção pelo Trypanossoma cruzi acomete aproximadamente 6 milhões de pessoas, com incidência anual de 30 mil casos novos na região, ocasionando, em média, 14 mil mortes/ano e 8 mil recém-nascidos infectados durante a gestação. Estima-se que cerca de 70 milhões de pessoas vivem em áreas de exposição e correm o risco de contrair a doença.
Contágio e tratamento
O contágio dos humanos com a doença é feito por meio da picada do inseto conhecido como barbeiro. De acordo com o médico cardiologista e professor do Idomed, Herbert Mendes, o primeiro passo para evitar o contágio é combater o inseto, a partir do investimento em habitação e saneamento. “Os locais mais comuns de disseminação são zonas rurais, com casas mais humildes, conhecidas como casas de taipa, feitas de barro, que abrigam o barbeiro. Ao se alimentar do sangue das pessoas, esse inseto transmite a doença para o paciente ou pega dele a doença e passa para outras pessoas”, explica.
A doença de Chagas tem sintomas agudos, seguidos por um período conhecido como latência, que dura de 10 a 30 anos. Nesse período, cerca de 30% dos pacientes vão desenvolver sintomas conhecidos como os “três mega”: cardiomegalia (crescimento do coração), megaesôfago (dilatação do esôfago) e megacólon (dilatação anormal do intestino grosso).
Ao acometer o coração, a cardiomegalia ataca o sistema de condução e promove insuficiência cardíaca, crescimento do coração e arritmias, uma vez que destrói o sistema de condução. Pode ainda promover bloqueios atrioventriculares e fibrose com destruição do sistema de condução, o que aumenta risco de arritmia e bloqueio atrioventriculares, entre outros males que podem evoluir até a morte do paciente.
Na fase aguda, o tratamento da doença de Chagas é feito com o uso de medicamentos como o Rochagan: um antiparasitário que mata o Tripanassoma Cruzi. Aos que adquirem cardiomegalia, pelo risco de bloqueio atrioventricular, esses pacientes têm uma chance maior de terem que colocar dispositivos como marca-passo para o controle do ritmo cardíaco.
Fonte da informação: Assessoria Edusaude