Consumo alimentar nas comunidades rurais é tema de oficina realizada em Juazeiro

Cidades Juazeiro

Ao longo dos anos, apesar do aumento dos produtos industrializados nas comunidades rurais de Juazeiro-Bahia, o consumo de alimentos naturais e agroecológicos continua presente de forma significativa nas comunidades.

Esse foi um dos pontos identificados durante a terceira oficina do projeto Cultivando Futuros, realizada semana passada, no Centro de Formação Dom José Rodrigues, a roça do Irpaa, em Juazeiro, município em que está sendo executado o Projeto.

O momento, que contou com a participação de lideranças comunitárias e representações de instituições locais, teve como objetivo identificar quais foram as mudanças no consumo alimentar das famílias agricultoras, olhando para o início da década de 1990 e para o consumo atual. Além de identificar quais os principais impulsionadores dessas mudanças. 

Assim, a partir da construção coletiva e resgate da memória, foi possível elencar, na década de 1990, o consumo de alimentos produzidos nas propriedades, como: alimentos de origem animal, hortaliças, raízes e tubérculos, que variavam muito a depender da estação do ano, inverno ou verão; e o consumo de alguns produtos industrializados como: almôndega, sardinha, suco em pó, biscoito, dentre outros. Esses alimentos, na maioria, foram acessados através da merenda escolar; um controverso, já que o papel da escola deveria ser de contribuir com a segurança alimentar e nutricional dos/as estudantes.  

Ao listar os alimentos consumidos em 2025, é notável que os naturais e agroecológicos continuam ocupando um lugar importante na mesa das famílias rurais, isso reflete um cenário positivo em relação a outras realidades rurais. Por outro lado, a presença dos industrializados também aumentou nas comunidades, que seguem consumindo, por exemplo: refrigerante, mortadela, molhos prontos e enlatados diversos. 

Olhando para esse panorama, os/as participantes discutiram sobre os principais impulsionadores dessas mudanças em 2025, concluindo que o fato da alimentação natural continuar sendo o “carro chefe” da alimentação das famílias ocorre devido ao acompanhamento de organizações da sociedade civil, através de projetos como: Pró Semiárido, Bahia Produtiva, Ecoforte, Recaatingamento; ATERs realizados com Povos e Comunidades Tradicionais (PCT), Sustentabilidade, Agroecologia, Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2), dentre outros. Todas essas ações possibilitam formações educativas, assessorias técnicas e acesso às tecnologias sociais adaptadas ao clima Semiárido, como: canteiro telado, cisterna de consumo e de produção, saneamento rural com reúso de água e galinheiro.

Esses Projetos evidenciam o quanto as políticas públicas são fundamentais para o fortalecimento das famílias e comunidades rurais, principalmente porque interferem positivamente na produção e consumo de alimentos saudáveis, garantindo a segurança alimentar e nutricional. 

“As políticas públicas que chegam nas comunidades e fortalecem a ideia de que ainda é melhor a gente consumir os produtos naturais ao invés de ficar refém ou buscar os produtos ultraprocessados”, reforça a presidenta da Central de Comercialização das Cooperativas Da Caatinga (Central da Caatinga), Gizeli Maria Oliveira.

Lorena Simas / Comunicação Rede ATER NE de Agroecologia

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