
Em mais um indicativo de que ACM Neto (UB), ao contrário do que insistem em dizer seus adversários, avalia de forma concreta a possibilidade de concorrer de novo ao governo da Bahia em 2026, aliados e assessores do ex-prefeito de Salvador passaram a discutir cenários para a montagem da chapa com que ele pode vir a disputar as próximas eleições estaduais. As especulações envolvem naturalmente os partidos que compõem hoje o grupo oposicionista na Bahia e alguns de seus principais quadros, além de lideranças que também circulam na órbita do governo mas não descartam a possibilidade de aproximação com o netismo.
A despeito do revés na última eleição, o ex-prefeito permanece como líder inconteste das oposições na Bahia, desfrutando de amplo favoritismo à sucessão estadual, segundo todas as pesquisas que fazem projeções para o próximo ano, faltando 18 meses para o pleito, motivo porque nenhum interessado em disputar os demais três cargos da chapa majoritária desconsideram conversas ou uma aproximação com ele neste momento. Como esperado, as posições mais cobiçadas continuam sendo as duas vagas ao Senado, que entrarão em disputa com o fim dos mandatos dos senadores Jaques Wagner (PT) e Ângelo Coronel (PSD).
Ambos se articulam para concorrer à reeleição no campo do governo, onde já se insinua uma grande disputa pelas vagas. Não por acaso Coronel desponta como um dos nomes que, se não for acolhido na sua pretensão de disputar mais um mandato na chapa governista, pode vir a compor com Neto para 2026. Ele só seria aceito, no entanto, se conseguisse levar com ele o PSD, segundo mais importante partido da base governista, cuja liderança principal, o senador Otto Alencar, no entanto, mantém o plano de fidelidade ao governo, especialmente a Wagner, hoje a principal liderança do grupo, depois do governador Jerônimo Rodrigues (PT).
De olho na montagem da futura chapa governista, na qual não abre mão de exercer sua influência, como fez na campanha de 2022, o senador trabalha para consolidar sua força decisória no PT e no grupo com a provável eleição de um quadro do MST (Movimento Sem Terra), de sua total confiança, à presidência do partido. Os outros nomes que circulam como eventuais companheiros de chapa de Neto concorrendo ao Senado são os do ex-ministro João Roma (PL), do ex-deputado Marcelo Nilo (Republicanos) e do prefeito de Feira de Santana, José Ronaldo, cujos planos de antecipar sua saída do cargo, no entanto, são considerados remotos.
Roma ficaria encarregado de atrair o eleitorado bolsonarista, que dispersou na eleição passada, quando disputou o governo, trazendo dificuldades para Neto, enquanto Nilo cumpriria o papel de defender o candidato ao governo, tarefa que assumiu para si desde a última campanha com elevado denodo. A uní-los, o projeto de enfrentar o PT no Estado sob a convicção de que o candidato do União Brasil tem plenas condições de, desta vez, derrotar Jerônimo, principalmente se concorrer à Presidência da República o hoje governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Para a vice do ex-prefeito, a pedida hoje é o prefeito de Jequié, Zé Cocá, do PP.
*Artigo do editor Raul Monteiro publicado na edição de hoje da Tribuna. Raul Monteiro*