Hipertensão: pesquisa aponta aumento da doença em jovens

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Hipertensão atinge 30% dos adultos no Brasil e pode evoluir sem sintomas, alerta especialista.

Celebrado em 17 de maio, o Dia Mundial da Hipertensão chama a atenção para os riscos dessa doença silenciosa, que afeta órgãos vitais e está entre as principais causas de complicações cardiovasculares. Um estudo do Instituto Nacional de Cardiologia (INC), vinculado ao Ministério da Saúde, revela que pessoas com 60 anos ou mais apresentam maior propensão a desenvolver hipertensão arterial. No entanto, os dados mais recentes chamam atenção para um novo cenário: o ano de 2023 registrou a maior prevalência da doença entre jovens de 18 a 24 anos em toda a série histórica da pesquisa.

A data reforça a importância da prevenção e do diagnóstico precoce em todas as faixas etárias. “Apesar de a incidência da doença aumentar com a idade, isso não impede que jovens — e até mesmo crianças — sejam afetados“, explica a cardiologista Poliana Requião, professora do Instituto de Educação Médica (IDOMED).

Além disso, informações da pesquisa Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), divulgadas também em 2023, estimam que cerca de 30% da população adulta brasileira viva com hipertensão — o maior índice desde 2006. O levantamento mostra ainda que a prevalência é maior entre as mulheres nas capitais brasileiras, com 29,3% dos diagnósticos, enquanto os homens correspondem a 26,4%.

A hipertensão arterial é caracterizada pelo enrijecimento das paredes das artérias — um processo lento, que na maioria das vezes se desenvolve sem apresentar sintomas até estágios mais avançados da doença. Segundo a cardiologista, diversos fatores podem contribuir para o surgimento do quadro. “Os principais fatores de risco envolvem a predisposição genética e hábitos de vida inadequados, como alimentação rica em sódio, consumo excessivo de álcool, obesidade e sedentarismo”, explica.

Trata-se de uma condição sistêmica que pode comprometer diferentes órgãos. No coração, por exemplo, pode provocar aumento do tamanho do órgão (hipertrofia) e, posteriormente, levar ao enfraquecimento da musculatura cardíaca, resultando em insuficiência cardíaca. Além disso, a doença é considerada o principal fator de risco para infarto, acidente vascular cerebral (AVC) e insuficiência renal, esta última podendo evoluir para a necessidade de hemodiálise.

Apesar de ser, na maioria dos casos, uma doença silenciosa, a hipertensão pode apresentar alguns sinais. “Dor de cabeça, náuseas, tontura, falta de ar, intolerância ao exercício, alterações visuais ou até disfunções eréteis podem surgir como sintomas”, alerta a médica.

A especialista Poliana Requião ressalta que, justamente por ser assintomática na maioria dos casos, a hipertensão pode passar despercebida por longos períodos, o que dificulta o diagnóstico precoce. Diante de uma condição tão prevalente e que pode ser controlada, é fundamental estar atento. A aferição regular da pressão arterial é uma medida simples, mas essencial para levantar suspeitas e permitir a investigação adequada, prevenindo complicações causadas pela pressão elevada ao longo do tempo.

Para evitar complicações mais graves, como infarto, AVC ou insuficiência renal, a médica orienta que os pacientes diagnosticados com hipertensão adotem cuidados contínuos. “É fundamental manter as mudanças no estilo de vida, fazer visitas ambulatoriais regulares e usar corretamente as medicações prescritas”, enfatiza Requião.

Eudes

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