
Casos aumentam em diversas capitais e acendem alerta entre profissionais de saúde; infecção afeta principalmente bebês e pode levar à hospitalização em poucos dias.
Com a chegada do inverno, unidades de saúde em todo o Brasil registram um aumento significativo nos casos de bronquiolite, uma infecção viral que afeta principalmente crianças de até dois anos de idade. Dados recentes da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) indicam um crescimento de 110% nos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) em crianças de 0 a 4 anos entre fevereiro e março deste ano, com o Vírus Sincicial Respiratório (VSR) sendo o principal agente identificado.
A bronquiolite é causada principalmente pelo VSR, responsável por até 80% dos casos da doença em crianças menores de dois anos. A infecção inflama os bronquíolos, pequenas vias aéreas dos pulmões, dificultando a respiração. Os sintomas iniciais incluem coriza, tosse e febre baixa, mas podem evoluir rapidamente para chiado no peito, respiração acelerada e dificuldade para mamar ou dormir.
No estado do Rio de Janeiro, por exemplo, os casos de bronquiolite aumentaram 19% nos três primeiros meses de 2025 em comparação ao mesmo período do ano anterior. Em Belo Horizonte, as hospitalizações de crianças menores de um ano por síndromes gripais graves cresceram 40% em apenas uma semana. Além disso, o Distrito Federal registrou um aumento de 685% nos atendimentos por sintomas gripais na primeira quinzena de maio. Segundo dados recentes do Ministério da Saúde, os atendimentos por complicações respiratórias cresceram mais de 40% em algumas capitais nas últimas semanas.
Em resposta ao aumento dos casos, o Ministério da Saúde incorporou ao Sistema Único de Saúde (SUS) duas novas tecnologias para prevenir complicações causadas pelo VSR: o anticorpo monoclonal nirsevimabe, indicado para proteger bebês prematuros e crianças de até 2 anos com comorbidades, e a vacina recombinante contra os vírus sinciciais respiratórios A e B, aplicada em gestantes para proteger o bebê nos primeiros meses de vida. Estudos indicam que a vacinação de gestantes pode prevenir aproximadamente 28 mil internações anuais.
Segundo Carmen Elias, pediatra e docente do IDOMED (Instituto de Educação Médica), além do reforço à infraestrutura hospitalar, o enfrentamento à bronquiolite também depende da conscientização das famílias. “Os ambientes devem ter uma boa ventilação e a higiene de objetos e superfícies têm que ser rigorosas. Durante os meses mais frios, os adultos podem limitar / evitar o contato
de bebês com pessoas gripadas. É de extrema importância manter o aleitamento materno exclusivo, que é fundamental nesta prevenção”, comenta a pediatra.
De acordo com a especialista, as creches e os espaços de convivência infantil deverão adotar protocolos de prevenção, com treinamento de educadores para identificar sinais de agravamento, evitando surtos e encaminhando os pequenos casos ao atendimento adequado o quanto antes. Para ele, a atuação conjunta entre famílias, escolas e profissionais de saúde é determinante para reduzir a pressão sobre o sistema e salvar vidas. Na visão dela, a caderneta de vacinação atualizada é a melhor forma de prevenção.
O SUS também oferece atendimento gratuito, exames e suporte hospitalar para casos mais severos de bronquiolite. Em 2024, foram realizados mais de 3 milhões de atendimentos relacionados a infecções respiratórias infantis, número que tende a crescer nos próximos meses com a intensificação do inverno
Eudes/Foto: Divulgação