Você deve estar se perguntando: “Como o candidato que lidera as pesquisas com mais de 40% de frente não é o favorito para ganhar? As pesquisas mentem?” Não! As pesquisas não mentem. Claro que estão sujeitas a erros, ou a manipulações, e cada instituto tem sua metodologia, o que traz diferenças no resultado, mas, em seu conjunto, as pesquisas traduzem a realidade do momento. Repito, do momento.
Pesquisa é uma foto, há fotos que te favorecem, há outras que não, por isso são necessárias várias fotos para ser mais exato e todas as pesquisas mostram uma frente inquestionável de ACM Neto a Jerônimo, é verdade, mas também trazem outro fato inquestionável: que o governo de Rui Costa é bem avaliado pelos baianos. É daí que vem minha afirmação de que Jerônimo é o favorito, explico: pesquisa não é uma previsão de futuro, mas há elementos nela que nos traduzem o contexto e avaliação de governo é um destes elementos. Contextos eleitorais demoram semestres para mudar e o atual contexto eleitoral baiano é de aprovação do governo de Rui Costa. O eleitor é maniqueísta na hora do voto, se ele gostou do governo, vai votar pela continuação, se ele não gostou, votará pela mudança. Logo, Jerônimo é o favorito dessas eleições porque o eleitor tenderá a votar no sucessor do atual governador quando passar a conhecê-lo. Por isso, Rui Costa é mais importante para a eleição de Jerônimo do que o próprio Lula. Isso é uma regra e em toda regra há exceções.
ACM Neto tem vários elementos que o favorecem, primeiro que o PT está há 16 anos no poder, já existe uma geração de eleitores que nasceram com o PT governando a Bahia, não por coincidência, Wagner foi eleito governador da Bahia após 16 anos consecutivos do Carlismo. Neto é relativamente jovem e isso é representativo para uma mudança, além de ter sido um prefeito muito bem avaliado de Salvador, a imagem dele para o estado é de juventude e competência (combinação rara) e não está associado ao avô que, ao contrário do que muitos petistas acreditam, a maioria dos baianos nem sabe quem foi. Por isso, Neto é o pior adversário que o PT poderia enfrentar, mas como o contexto não é de mudança, ele não é favorito. Há outro fator muito importante na eleição baiana que é a quantidade de prefeitos, ex-prefeitos, vereadores e suplentes que cada candidato tem em seu apoio, mas como ainda não há clareza de quem tem mais apoio nesse momento, vou ignorar essa variável.
Para os jogadores de pôquer, eu diria que há uma probabilidade de vitória de 60% para Jerônimo contra 40% para Neto, ou seja, há um favorito, mas a eleição ainda está em aberto.
Marlos P. Batista é Cientista político formado pela UnB e diretor da Numen Data Pesquisa e Consultoria