Na eleição que tem a economia como ponto nevrálgico, o candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, adotou o silêncio como estratégia e mantém guardado a sete chaves seu favorito para ocupar o Ministério da Fazenda, caso eleito em outubro. Definição apenas no perfil: um político com boa interlocução e disposição para negociar. O caráter técnico seria alocado nas secretarias ou no Planejamento.
Aliados históricos e próximos ao petista afirmam que, se Lula já decidiu quem nomearia, esconde a carta como forma de proteger o ungido da artilharia eleitoral – embora, nos bastidores, nomes sejam especulados de forma crescente.
A liderança de Lula nas pesquisas de intenção de voto, avalia uma fonte do PT, oferece condições políticas para o segredo.
Em 2018, o então candidato Jair Bolsonaro precisou apresentar Paulo Guedes antes da ida às urnas com o objetivo de se firmar na competição, sobretudo no mercado financeiro. A ideia de concentrar a política econômica em uma única figura caiu em desgaste logo no primeiro ano do atual governo, com as negociações da reforma da Previdência. Também por isso, Lula decidiu não nomear um “Posto Ipiranga” para chamar de seu e prefere concentrar o discurso sobre a economia nas conquistas de seus governos.
Veja a lista dos cotados:
Wellington Dias
A 24 dias do primeiro turno, o ex-governador do Piauí Wellington Dias, candidato ao Senado, é cotado para a pasta por ser um dos porta-vozes do partido sobre economia. Uma possível indicação do piauiense, no entanto, tem gerado burburinho no Tesouro Nacional. Isso porque os técnicos lembram-se da liderança em conseguir sempre mais recursos para os Estados às custas da União. Desde a renegociação das dívidas estaduais em 2016, passando pelas transferências de recursos na pandemia e, mais recentemente, na disputa no STF pela compensação das perdas com o ICMS de combustíveis e contas de luz.
Alexandre Padilha
Por sua experiência na articulação política e por ter sido destacado para dialogar com empresários em nome do PT, o ex-ministro da Saúde e também das Relações Institucionais Alexandre Padilha circula nos bastidores como uma opção. A ideia repetiria a fórmula Antonio Palocci de 2003: um médico para cuidar de uma economia em frangalhos.
Rui Costa, Jorge Viana e Jaques Wagner
O governador da Bahia, Rui Costa, e o ex-governador do Acre Jorge Viana igualmente são cotados pela experiência política diante da necessidade de trânsito junto ao Congresso para a aprovação de reformas no ano que vem. Ainda corre por fora o senador baiano Jaques Wagner, que não tem compromisso sólido com qualquer escola econômica. A interlocutores, porém, Wagner diz preferir cargo mais político, como líder do governo no Senado ou uma pasta palaciana, a ter funções executivas de peso.
Alckmin
No mercado financeiro chegou-se a falar de Geraldo Alckmin (PSB), candidato a vice de Lula, pelo seu perfil mais ao centro e resistência a uma política econômica excessivamente expansionista. Mas, no PT, o consenso é de que Lula não indicaria alguém que não pudesse demitir do governo – principalmente o novo elo do PT com o centro. Dentro do partido, há o temor de que Alckmin daria espaço demais a economistas favoráveis menos palatáveis ao PT, como Pérsio Arida, André Lara Resende e Samuel Pessoa.
Haddad
Mais discretamente, o nome de Fernando Haddad é citado – e de forma menos entusiasmada – por lideranças petistas. Ele é da confiança pessoal de Lula, mas considerado heterodoxo para o momento atual. Uma eventual participação de Haddad na Esplanada, contudo, dependeria do resultado das eleições em São Paulo: o ex-prefeito da capital é candidato a governador e líder nas pesquisas de intenção de voto.
Fonte: msn.com