Como Marcos Pontes foi de primeiro astronauta do Brasil a Senador?

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Foto: Cristiano Mariz / Agência O Globo

Nascido em Bauru, Marcos Pontes tornou-se bastante conhecido no país ao se consagrar como primeiro astronauta brasileiro a ir ao espaço, voando a bordo da nave russa Soyuz, em 2005. Mas a vida política do engenheiro aeronáutico formado pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) começou somente em 2013, quando se filiou a um partido para, segundo seu site biográfico, “ajudar a mudar, de dentro para fora, o comportamento político no Brasil”.

Em 2014, chegou a tentar um cargo de deputado federal pelo PSB e não teve sucesso. Já em 2019, no governo Bolsonaro, Pontes foi convidado a se tornar Ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações.

Na primeira aparição no cargo, na reunião anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, fez uma palestra motivacional e pouco falou sobre ciência.

Ao longo da sua gestão, apesar de ter entrado em conflito com a ala econômica após cortes na ciência, abraçou pautas bolsonaristas, como ao exonerar o físico Ricardo Galvão do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em 2019, após o presidente reclamar de dados de desmatamento divulgados pelo órgão.

Na pandemia, defendeu tratamento para covid-19 com um antiparasitário, a nitazoxanida. O anúncio foi feito em uma cerimônia no Palácio do Planalto, em 2020, com a participação de Bolsonaro. Em janeiro do ano seguinte, o Ministério da Saúde declinou após pesquisadores afirmarem que o medicamento era clinicamente ineficaz e não superava o placebo na melhora de sintomas de pacientes.

Em março, Pontes deixou o cargo de ministro para se preparar para as eleições. Neste domingo, conseguiu ser eleito como senador em São Paulo, pelo PL, com mais de 10 milhões de votos.

A professora de ciência política da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Mayra Goulart, diz que o cargo de ministro foi um trampolim para a sua eleição agora. Além disso, aponta que o fato de Pontes ser um cientista melhora seu trânsito na elite, ainda que não tenha boa reputação entre outros cientistas.

Mayra ainda destaca que a aliança com Bolsonaro pode ter sido decisiva para a vitória.

— O Bolsonarismo se caracteriza por ter ideologia de extrema direita. Pessoas que se identificam tendem a se manter coesas e votar em candidatos desse perfil — explica. — Estimamos que de 20% a 30% da população pense dessa forma, o que já é suficiente para impulsionar tais candidatos.

O coordenador da graduação de Relações Internacionais do Ibmec RJ, José Niemeyer, opina que a eleição de Pontes tem mais a ver com o movimento Bolsonarista do que com a trajetória individual dele:

— A maioria dos senadores apoiados por Bolsonaro se elegeu. Nesse final, houve uma mobilização muito grande, além de diminuição na rejeição feminina. As fantasias criadas em 2018, que associam a esquerda ao comunismo, ainda repercutem muito no eleitorado, e o movimento conservador está muito mais estruturado do que se imagina.

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