Tarcísio diz ver tiros como intimidação do crime, mas sem relação com política

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Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil/Arquivo

Ao comentar o tiroteio que interrompeu seu compromisso de campanha em Paraisópolis, zona sul da capital, na manhã desta segunda-feira (17), Tarcísio de Freitas (Republicanos) afirmou que foi uma intimidação do crime e disse não acreditar que tenha sido alvo de um atentado.

“Foi um ato de intimidação, um recado claro do crime organizado como ‘a gente não quer você aqui dentro’. É uma questão territorial e não tem nada a ver com a política”, disse o candidato em entrevista na tarde desta segunda.

Pela manhã, no Twitter, o candidato afirmou que ele e sua equipe haviam sido “atacados por criminosos” e que a atuação da Polícia Militar foi brilhante.

A comitiva de Tarcísio não foi ferida. Um homem de 38 anos morreu no tiroteio. Segundo a polícia, ele tinha registro sob suspeita de roubo.

Mais cedo nesta tarde, o secretário da Segurança Pública de São Paulo, general João Camilo Pires de Campos, afirmou que seria prematuro falar em atentado e apontou que houve um confronto entre homens em motos e a polícia.

Tarcísio e a sua equipe estavam visitando um projeto social que inaugurou um polo universitário.

“A minha visão é limitada, de quem tava lá dentro, dizer que ocorreu um tiroteio enquanto estávamos lá, não é coincidência”, disse Tarcísio. “Os bandidos notaram a nossa presença ali desde cedo. Quatro motocicletas filmaram a nossa equipe, fizeram perguntas e voltaram armados. Não foi algo corriqueiro, não. Foi um tiroteio enquanto estávamos lá.”

Segundo Campos, as investigações da Polícia Civil não podem ser influenciadas pela publicação do candidato nas redes sociais.

A versão de que sofrera um atentado, fomentada pela sua declaração nas redes, se espalhou na internet e foi replicada por parlamentares bolsonaristas.

Tarcísio afirmou quer não pretende explorar o episódio em sua campanha. Ele também não quis comentar declaração de aliados que, imediatamente, associaram o tiroteio a um atentado protagonizado pelo PT, do seu adversário Fernando Haddad.

“A campanha vai seguir normalmente, vamos falar com as pessoas. Agora, tem áreas de São Paulo dominadas pelo crime. As pessoas vivem com medo. Você, sendo candidato do Governo de São Paulo, não poder visitar um trabalho social? É razoável ser recebido a tiros numa favela? Vi hoje um trabalho que precisa de apoio do estado. Lá tem talento e as pessoas não querem ser reféns do crime”.

Para esclarecer o caso, a Secretária de Segurança irá recorrer às imagens gravadas pelas câmeras instaladas nos uniformes dos policiais, medida que é criticada por Tarcísio.

“Como eu falei toda a política pública será reavaliada. Tenho uma posição crítica às câmeras por uma série de razões, mas, como já disse, vou rediscutir as políticas públicas se for eleito”, disse o candidato.

Em relação ao homem morto na ação, Tarcísio não soube dizer se o tiro partiu da sua equipe de segurança. “Acho que não. Acho que partiu da PM”.

Tarcísio cancelou um compromisso com apoiadores em Suzano, previsto para a tarde desta segunda. Questionado sobre novas agendas de campanha em comunidades, o candidato disse que voltaria nesses locais.

“Pretendo, voltar, claro. Não se pode intimidar. Uma vez eleito, vamos ampliar a presença do estado nesses locais. Vamos levar a política pública lá”, disse.

Em entrevista à imprensa, o secretário afirmou que o primeiro confronto se deu com policiais à paisana que faziam a segurança do local onde o candidato estava.

Campos disse que os tiros foram disparados a cerca de 100 metros do local onde estava a campanha. “Foi um ruído com a Polícia Militar”, declarou. Por “ruído”, o secretário explicou que o termo se refere à situação em que “a polícia está em um local onde há um desequilíbrio com quem está no local”.

O coronel Ronaldo Miguel Vieira, comandante-geral da Polícia Militar, detalhou que o tiroteio teve a participação de ao menos oito indivíduos que rondavam o local em motos. Dois deles estavam com armas longas. Uma van escolar foi atingida pelos disparos, mas segundo o coronel, ninguém foi ferido.

A declaração do secretário de que as câmeras dos policiais serão usadas para esclarecer o caso contraria a própria campanha de Tarcísio. O candidato afirmou que irá rever a política, apesar dos números positivos de queda de letalidade.

Tarcísio já afirmou em diversas ocasiões que as câmeras inibem os policiais. Ele chegou a dizer que, se eleito, retiraria o equipamento “com certeza”, mas depois voltou atrás e afirmou que irá ouvir o comando da polícia e especialistas.

O candidato, que tem o apoio do governador Rodrigo Garcia (PSDB) no segundo turno, tem um discurso linha dura na segurança pública, inclusive afirmando que os paulistas não se sentem seguros.

Carlos Petrocilo/Mariana Zylberkan/Carolina Linhares/Folhapress

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