Ao som de Maria, Maria, canção de Milton Nascimento, que ficou eternizada na voz de Elis Regina e que traduz a força da mulher brasileira, mães de crianças com microcefalia adentraram ao Plenário da Assembleia Legislativa, na tarde de ontem (23), emocionando a todos os presentes. No cortejo, muitas histórias comuns e o sentimento de gratidão ao trabalho desenvolvido por Joana Damásio, que recebeu a comenda 2 de Julho do deputado estadual Rosemberg Pinto (PT).
A proposição do parlamentar foi aprovada por unanimidade na Casa. Presidindo também a sessão, ele cumpriu o rito, condecorando a homenageada e também quebrou protocolos dando a palavra para os demais presentes na mesa que deram seu testemunho desse valoroso trabalho.
O deputado falou na condição de pai e amigo da família, relembrando as expectativas comuns de uma gestação tranquila e dentro da “normalidade” e da história de superação vivida por Joana. “Toda a minha solidariedade a essas mães e que elas possam superar esse momento, que é de toda uma vida. Que, para além de cuidar dos seus filhos, elas sigam abraçando outras famílias e devolvendo a esperança. A minha compreensão de que esta é a normalidade dessas famílias. Essa é a maior honraria da Casa e ainda é pequena diante de todo o merecimento”,declara.
Joana é presidente e cofundadora do projeto social Abraço à Microcefalia, que acolhe e apoia mais de 330 famílias na Bahia acometidas pelo Zika Vírus, prestando atendimento nas áreas de reabilitação, acolhimento e apoio social.
“São seis anos de muitos desafios, tentando manter a estrutura da instituição, lutando pelos direitos e inclusão das crianças com deficiência. Para a gente, é um reconhecimento importante porque recarrega as energias para continuar”, resume emocionada a homenageada. Ainda segundo ela, os desafios são muitos, do ponto de vista institucional e de garantia da sustentabilidade do projeto. “Atualmente, não temos nenhum apoio público recorrente, apenas privado. O transporte público é deficitário e não supre a demanda. Na saúde, são inúmeros os problemas enfrentados diariamente. Ainda é preciso lutar por uma fralda, um exame, uma medicação. Que esse reconhecimento ganhe visibilidade e amplie parceiros, aliados”, desabafa.
O evento contou com as presenças de familiares da homenageada e de crianças apoiadas pelo projeto; da representação da bancada feminina, a deputada Fátima Nunes (PT), da superintendente da Associação Bahiana de Equoterapia, Maria Cristina Brito; do diretor geral da Secretaria de Políticas para Pessoas com deficiência, Wagner Andrade; da presidente da Casa de Providência e mãe da homenageada, Zélia Maria Passos; da representante da família Abraço, Jéssica de Sá Valdinucci.
A conquista de uma nova sede, garantida graças à articulação do parlamentar que a homenageou, possibilitou o crescimento da ONG e a ampliação dos serviços, que foram apresentados durante exibição de um vídeo institucional. “A quase totalidade, cerca de 90% das famílias só têm o abraço como apoio. Convido a todos que doem seu tempo, trabalho e dinheiro a essa causa”, sensibiliza.
Motivação
Com formações em Turismo, Marketing e Coach, Joana se especializou em Educação Especial, ao receber o diagnóstico de zika na segunda gestação, da sua filha Gabriela, que nasceu com microcefalia e Síndrome Congênita do Zika Virus. Com muita resiliência, tornou-se referência no assunto, participou de diversos cursos na área de desenvolvimento infantil, alterações neurológicas causadas pelo Zika Virus, passou a escrever artigos para treinamento de profissionais de saúde e ministrar palestras e cursos em Salvador, Campinas, Recife, Alagoinhas, Rio de janeiro, Brasília e Londres contando histórias e experiências das famílias e contribuindo para uma sociedade mais humana e inclusiva.
Unindo-se a outras mães, ela ofereceu todo o apoio necessário e, atualmente, é responsável – ainda que de forma compartilhada – pela gestão da ONG, dos voluntários, profissionais de saúde, e projetos para arrecadação de recursos.
Importância
Desde setembro de 2015, o Brasil luta no combate a Zika, Chikungunya e Dengue que se tornaram emergência de saúde pública, em função das graves consequências trazidas para toda a população, como o aumento dos casos de microcefalia. De acordo com o Ministério da Saúde, foram notificados, até o final de março deste ano, 6776 casos de microcefalia em todo o Brasil. A maioria dos casos foi registrada no Nordeste, sendo que a Bahia foi o segundo estado que mais apresentou casos até o momento, ficando atrás apenas de Pernambuco.
Ascom Liderança da Maioria | Dep. estadual Rosemberg Pinto (PT)
Ana Paula Loiola