O jovem Ruan Rocha Silva, que ficou conhecido após ter a frase “eu sou ladrão e vacilão” tatuada na testa em 2017 e foi preso no domingo (27) por tentar furtar um apartamento em Cotia (SP), afirmou à polícia que estava morando na rua e invadiu o imóvel sob efeito de crack para procurar dinheiro ou algo de valor para que ele comprasse mais drogas.
O crime foi registrado por volta das 6h no Jardim Stella Maris. Ruan foi preso em flagrante após pular a janela do banheiro do imóvel e ser encontrado pelos moradores. Guardas municipais foram acionados e o levaram para a UPA Atalaia para atendimento médico.
Em seguida, o jovem foi conduzido à delegacia da cidade, onde foi constatado que havia um mandado de prisão contra ele em aberto, no foro de São Bernardo do Campo e expedido em 11 de novembro com validade até 29 de dezembro. Com isso, após a audiência de custódia, a prisão em flagrante foi convertida em preventiva.
Durante o interrogatório, Ruan afirmou que estava andando pelas ruas e, ao passar em frente a um condomínio, decidiu entrar no local pulando uma cerca. Já dentro do condomínio, ele viu que um dos apartamentos estava com a janela entreaberta e decidiu entrar.
Ele ainda disse que estava arrependido e só invadiu o imóvel por estar sob efeito de drogas, declarando ser usuário de crack.
Vítimas flagraram jovem
Segundo o g1 apurou, o morador do apartamento disse à polícia que estava dormindo, quando ele e a esposa ouviram latidos da cachorra de estimação e foram ver o que era. Encontraram o jovem na sala e o detiveram.
O morador ainda afirmou que, ao indagar o jovem sobre o motivo de invadir o local, ele respondeu que “estava procurando algo para comer” e “que estava com fome”.
O casal manteve Ruan detido até a chegada dos guardas municipais.
Em julho de 2017, Ruan, que tinha 17 anos, teve a testa tatuada com a frase “eu sou ladrão e vacilão”. Os responsáveis pelo crime, o tatuador Maycon Wesley Carvalho dos Reis e Ronildo Moreira de Araújo, foram condenados pela Justiça pelos crimes de lesão corporal gravíssima e constrangimento ilegal.
Na época, a tatuagem foi filmada com o celular de Maycon, compartilhada no Whatsapp e o vídeo viralizou rapidamente. O adolescente estava desaparecido desde 31 de maio e os familiares o reconheceram quando também receberam o vídeo do adolescente sendo tatuado na testa.
Na delegacia, Maycon e Ronildo disseram que o adolescente teria tentado furtar uma bicicleta na região e ficaram revoltados com isso e “resolveram tatuar o mesmo como forma de punição”.
O rapaz de 17 anos, na época, negou que tinha roubado uma bicicleta de uma pessoa com deficiência. “Eu estava bêbado, esbarrei na bicicleta e ela caiu”, afirmou.
Após a repercussão do caso, os responsáveis pelo coletivo Afroguerrilha criaram uma vaquinha pela internet para ajudar Ruan a custear um procedimento para a retirada da tatuagem.
Furtos
O rapaz chegou a ser internado por 16 meses em uma clínica de Mairiporã para tratar problemas de dependência química. Em 2017, ele conversou com o g1 e disse que estava “aprendendo a viver”.
“A gente tem de viver um dia de cada vez. Já sei o que posso fazer da minha vida: estudar, trabalhar e viver a vida como cidadão. Hoje sei o limite das coisas. Droga derrotou muito a minha vida e a da minha família. Não quero mais, não tenho mais vontade de usar, só quero ficar limpo e andar para frente”, disse ele, na época.
Contudo, em março de 2018, o jovem foi preso em flagrante por furtar desodorantes de um supermercado em Mairiporã. Na ocasião, a fiança de R$ 1 mil foi paga, e ele respondeu ao crime em liberdade.
No final de 2018, o rapaz deixou a clínica onde fez tratamento contra vício de crack e álcool após receber alta.
“Ele estava internado de forma voluntária, já tem mais de 18 anos e pode tomar as próprias decisões, ele não estava mais aderindo ao tratamento”, disse na época a psicóloga Marcela Abrahao da Silveira, responsável pelo tratamento do jovem.
Em fevereiro de 2019, Ruan foi detido suspeito de furtar um celular e um agasalho de funcionárias de uma unidade de saúde em Ferrazópolis, em São Bernardo do Campo.
No mesmo ano, a juíza Sandra Regina Nostre Marques, da 1ª Vara Criminal de São Bernardo do Campo, condenou o jovem a 4 anos e 8 meses de prisão em regime semiaberto por furto de um celular e um agasalho de funcionárias de uma unidade de saúde em Ferrazópolis.
Na decisão, a juíza afirmou que o réu era perigoso para conviver em sociedade. E, por isso, ele não poderia recorrer em liberdade.
g1