O vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB) criticou nesta quinta-feira (8) aqueles que não aceitam derrotas em eleições, acrescentando, sem citar nomes, que isso é coisa de “menino mimado”.
“Atentar contra a democracia é crime e deve ser tratado dessa forma. Tem que ter paciência, o Executivo, resiliência. E isso é coisa de menino mimado, que perde o jogo, pega a bola e leva embora”, afirmou o vice-presidente eleito, em entrevista à Globonews.
A declaração de Geraldo Alckmin foi dada após ser questionado sobre os protestos antidemocráticos de militantes do atual presidente Jair Bolsonaro (PL) e como o futuro governo pretende lidar com essa questão.
Questionado especificamente sobre militantes armados, respondeu que isso é “crime e não pode ser tolerado”.
“Eu disputei uma eleição para prefeito de São Paulo e não fui para o segundo turno por 7 mil votos com 7 milhões [de eleitores, no total], um milésimo. Acabou, agradeci os votos, cumprimentei quem teve mais votos que eu. É assim que é. Democracia é respeitar a vontade da população. Esse é o bom caminho”, afirmou.
Após o segundo turno das eleições presidenciais, apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) iniciaram protestos antidemocráticos nas estradas e em frente a quartéis das Forças Armadas. Eles defendem, em geral, um golpe militar para evitar a posse de Lula, marcada para 1º de janeiro.
O PL, partido do presidente, chegou a insuflar os atos ao fazer questionamentos frágeis sobre o resultado das eleições.
O presidente do TSE, Alexandre de Moraes, multou o PL em quase R$ 23 milhões por litigância de má-fé por causa de pedido feito pela legenda para invalidar parte dos votos depositados nas urnas no segundo turno.
Nas eleições deste ano, Lula recebeu 50,9% dos votos válidos no segundo turno, e Bolsonaro, 49,1%. Foi a primeira vez que um presidente perdeu uma disputa pela reeleição no país.
Alckmin também disse na entrevista que Lula não deve ter problemas para escolha de novo ministro da Defesa e dos comandantes das Forças Armadas, tema que se tornou sensível na formação do novo governo devido à proximidade dos militares com Bolsonaro
“Defendo que seja um civil [o ministro], acho que é importante”, afirmou.
“Lula se deu muito bem com as Forças Armadas, não teve nenhum problema. Respeitou o profissionalismo”, completou.
Também disse ainda que não é “fato de relevância” se for antecipada a troca dos comandantes das Forças para este ano, como chegou a ser cogitado pelos militares.
Mateus Vargas/Renato Machado/Folhapress