Os ministros do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, e a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, visitaram ontem Acre e Amazonas, estados afetados por chuvas intensas que atingiram a Região Norte no fim de semana. A grande precipitação de água em pouco tempo deixou centenas de desabrigados.
Entre as medidas anunciadas pelas autoridades, Marina destacou a discussão com o governo federal para que 1.038 municípios em todo o país ganhem o status de estado de emergência climática permanente. A ideia é que recebam uma ação contínua de reestruturação.
“Nós temos 1.038 municípios onde sabemos que é recorrente a possibilidade desses eventos extremos associados à mudança do clima. Você não muda uma realidade, a estrutura de uma cidade que precisa revisitar plano diretor, o código de postura, fazer intervenção de drenagem e remoção de população da noite para o dia. É preciso uma ação conjunta, governo federal e estadual, senão a gente não vai dar conta”, explicou a ministra, durante coletiva em Manaus.
No Acre, na madrugada de sábado para domingo, o governo decretou situação de emergência em Rio Branco por causa das chuvas. Não houve mortes, mas cerca de 32 mil pessoas foram atingidas, em 48 bairros da capital do estado. Além de Rio Branco, as cidades de Epitaciolândia, Assis Brasil e Brasiléia, as quais têm trechos cortados pelos rios da bacia Rio Acre, foram prejudicadas por enxurradas e enchentes. O nível do Rio Acre subiu mais de sete metros e, até o final do dia de ontem, ainda não havia baixado, deixando a Defesa Civil em estado de alerta.
“Para agilizar a assistência do governo federal aos municípios atingidos, nós trouxemos para Rio Branco técnicos da Defesa Civil Nacional. Eles vão auxiliar os gestores municipais a preencherem os formulários para o reconhecimento de situação de emergência ou de estado de calamidade pública. Também ajudarão a realizar os planos de trabalho para a solicitação de recursos federais para assistência humanitária, restabelecimento de vias públicas, pontes e, até mesmo, reconstrução das casas das pessoas atingidas pelo desastre”, reforçou Góes.
Já em Manaus, o episódio de sábado é o segundo de grande impacto à população, registrado desde o início de março, ocasionado pelas chuvas torrenciais. No sábado, mais de 11 casas foram arrastadas pela correnteza do Igarapé do 40, na Zona Sul da capital amazonense. Também ocorreram inundações em diversos pontos da cidade. Ontem, os moradores tiveram que contabilizar os prejuízos, tanto a eletrodomésticos quanto a veículos. Em protesto à ausência do poder público, chegaram a fechar uma avenida.
Na semana passada, oito pessoas morreram — entre elas duas crianças — e três foram resgatadas, após deslizamentos de terra em decorrência da alta precipitação. O evento ocorreu no bairro Jorge Teixeira, na Zona Leste, e deixou 11 casas soterradas. O prefeito de Manaus, David Almeida, justifica os estragos nas áreas pelo descarte de lixo feito de forma incorreta pela população. O acúmulo do lixo nos igarapés, segundo ele, faz com que formem-se represas devido ao entupimento dos bueiros, impedindo a passagem da água, que retorna e alaga os imóveis.
O ministro do Desenvolvimento Regional explicou que desde a primeira ocorrência há comunicação da prefeitura com o governo federal. Estão assistidos 1.500 municípios em situação de emergência. Os recursos repassados possibilitaram a retirada de 90 famílias da primeira área afetada, além da promessa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de direcionar a construção de cinco mil moradias pelo programa Minha Casa, Minha Vida para Manaus. Porém, com os novos episódios, há a necessidade de reavaliar o plano inicial, inclusive pensando em auxiliar no restabelecimento de limpeza, desobstrução e reconstrução.
“Na quarta-feira, enviaremos um técnico especialista só na área de plano para reconstrução, que priorizará a parte habitacional. Mesmo com o anúncio do presidente Lula sobre a construção de casas pelo programa Minha Casa, Minha Vida, a defesa pode entrar em situação de emergência construindo as casas que foram perdidas por inteiro. O prefeito vai indicar a área, apresentar o plano, e nós vamos repassar os recursos pela Defesa Civil diretamente à prefeitura”, explicou.
Por Tainá Andrade/Correio