Pressão psicológica associada a maus hábitos ampliam risco de infarto em mulheres

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Doença cardiovascular mata mais brasileiras do que câncer de mama ou de útero.

Nas mulheres, com bastante frequência, o infarto agudo do miocárdio está associado à pressão psicológica e desequilíbrios na saúde mental e emocional. Por viverem dupla ou tripla jornada, se dividirem entre o trabalho, cuidado com os filhos e afazeres domésticos, além de serem muito cobradas – por si mesmas e pelos outros – as mulheres apresentam maior tendência ao estresse que, associado à falta de atividade física, má alimentação, tabagismo e consumo excessivo de bebidas alcoólicas, acaba criando um cenário favorável ao surgimento da doença. Para reduzir o número de ataques cardíacos e sua mortalidade no sexo feminino, além da adoção de ações preventivas, o atendimento de urgência e emergência, nos primeiros minutos após a ocorrência, é fundamental.

O infarto ocorre geralmente quando o coração tem seu suprimento sanguíneo bloqueado por uma placa de gordura e/ou coágulo que interrompe o fluxo de sangue pelas artérias coronárias (artérias que irrigam o coração) por um determinado período. Os principais fatores de risco são hipertensão, diabetes, obesidade, tabagismo, sedentarismo, alimentação ruim, colesterol alto e estresse em excesso. Pessoas diabéticas e hipertensas têm de duas a quatro vezes mais chances de sofrer um infarto. Além do infarto, esse conjunto de fatores de risco pode provocar Acidente Vascular Cerebral (AVC), o famoso “derrame”. 

De acordo com o cardiologista intervencionista Sérgio Câmara, os sintomas do infarto do miocárdio, comumente conhecido como ataque cardíaco, podem diferir entre homens e mulheres. Embora a dor ou desconforto no peito seja o sintoma mais comum em ambos os sexos, as mulheres são mais propensas do que os homens a apresentar sintomas atípicos ou nenhum sintoma. Alguns dos sintomas que as mulheres podem experimentar durante um ataque cardíaco incluem: dor ou desconforto no pescoço, mandíbula, ombro, parte superior das costas ou área abdominal; falta de ar; náusea ou vômito; tontura ou atordoamento; fadiga inexplicável; suor frio ou pele úmida e pegajosa. 

Esses sintomas podem ser menos intensos ou repentinos do que a típica e esmagadora dor no peito que os homens costumam sentir durante um ataque cardíaco. “Como resultado, as mulheres podem atrasar a busca por atendimento médico, o que pode levar a resultados piores”, frisou o especialista. Nem todas as mulheres apresentam sintomas atípicos e algumas ainda podem sentir dor ou desconforto no peito mais típico. Os homens também podem apresentar sintomas atípicos, mas são menos comuns do que nas mulheres. “Como a dor muitas vezes pode ser atípica, o diagnóstico pode ser dificultado na medida em que muitas mulheres não procuram um pronto-socorro ou cardiologista e, por isso, não são tratadas corretamente”, completou o especialista em Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista.

A doença cardiovascular é a maior causa de mortes no Brasil e afeta cerca de 400 mil pessoas por ano no país. Cerca de 30% das mulheres brasileiras morrem pela doença, mais fatal do que o câncer de mama e o de útero. A tendência é mundial, já que dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que as cardiopatias respondem por um terço das mortes de mulheres no mundo, com 8,5 milhões de óbitos por ano, ou seja, mais de 23 mil por dia. 

Segundo Sérgio Câmara, a doença cardiovascular se desenvolve mais cedo nos homens, porém as mulheres são mais propensas a morrer da doença. “Isso ocorre em parte porque as mulheres tendem a ter sintomas mais graves e são mais propensas a ter um ataque cardíaco ou derrame do que os homens. Além disso, as mulheres geralmente são subdiagnosticadas e subtratadas para a doença cardiovascular, o que pode contribuir para taxas de mortalidade mais altas”, declarou.

Boa parte das mulheres não abre mão de ir ao ginecologista todo ano e de fazer o papanicolau e a mamografia, mas se esquece de ir ao cardiologista e de fazer uma avaliação do sistema cardiovascular. “O maior problema dessa atitude é que o infarto em mulheres geralmente é mais grave e a mortalidade pela doença é maior do que nos homens”, pontuou Sérgio Câmara. Ainda segundo o especialista, que atua nos hospitais da Rede D’or em Salvador/Lauro de Freitas e no Hospital da Bahia/DASA, a sobrevida média depois do infarto é de 8,2 anos para homens e apenas 5,5 anos para mulheres. 

O infarto é uma emergência que exige cuidados médicos imediatos. Identificar os sintomas pode ser decisivo para salvar a vida de uma pessoa. O tratamento, geralmente, é minimamente invasivo com angioplastia para implante de stent ou, em alguns poucos casos, cirúrgico e/ou medicamentoso, com uso de antiagregantes plaquetários. A prevenção inclui a prática regular de atividades físicas, alimentação adequada, não consumo de álcool, cessação do tabagismo e controle do estresse e das doenças prévias, principalmente hipertensão e diabetes, entre outros hábitos inerentes a um estilo de vida saudável.

Assessoria de Imprensa: Cinthya Brandão

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