Wagner, Rui e Jerônimo e a novidade com que o PT trabalha para 2024, por Raul Monteiro

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Dos partidos que integram a base do governador petista Jerônimo Rodrigues, o PT parece que será de novo o locus da definição do candidato do grupo à sucessão municipal em Salvador. É o que se depreende das conversas internas na própria legenda e entre as chamadas forças aliadas. A ideia não é reforçada apenas pelo fato de o governador pertencer ao partido e, por este motivo, ser o líder natural do time esquerdista na Bahia, em tese aquela figura de quem as siglas que o apoiam esperam no quesito, ao menos, orientação. De fato, Jerônimo tem demonstrado, segundo interlocutores, grande interesse em exercer influência no processo.

Mas o PT não tem apenas um governador em posição decisiva no jogo. O partido possui um ministro de Estado, Rui Costa, na poderosa cadeira de chefe da Casa Civil do presidente Lula, e outro, o senador Jaques Wagner, a quem a legenda faz a permanente e justa deferência de a ter alçado, pela primeira vez, à posição de governo na Bahia, na condição de líder do governo no Senado, ambos dispostos a interferir no debate eleitoral do próximo ano. Trata-se, portanto, de uma trinca de peso cujo papel na sucessão de 2024, principalmente se funcionar de forma coesa, não deve ser apenas esperado, como devidamente estimulado.

Além disso, o clima de ebulição na legenda em torno do tema, mais de um ano antes da eleição, vem sendo interpretado como um sinal de que suas lideranças orgânicas e a militância petistas pretendem se atribuir um protagonismo agora em tudo diferente do papel que exerceram nas últimas disputas à Prefeitura de Salvador. A mudança pode ser legatária direta dos movimentos mais recentes envolvendo a frustrante participação do partido que comanda o Estado há 16 anos nos pleitos na capital baiana, nos quais ressai o repentino lançamento da candidatura de uma militar que acabou virando sinônimo, ao mesmo tempo, de fracasso e de exemplo a não ser repetido.

O desejo de liderar a próxima campanha não pode ser associado, no entanto, exclusivamente ao plano de articulação de uma candidatura própria, saída das entranhas da agremiação. Pelo contrário, pelo que se escuta de muita gente ligada à luta partidária, o PT parece ter transcendido da posição de fixação na ideia da construção ou aproveitamento de um nome interno, marcadamente ideológico, para a aceitação de um quadro próprio ou aliado que se apresente com credenciais suficientes para ser considerado efetivamente competitivo, desde que possua as qualidades que representem ao mesmo tempo o espírito do grupo e o compromisso com seu futuro.

Mas há um outro critério que vem sendo informalmente levantado nas rodas petistas, possivelmente influenciado por pesquisas ou outros sistemas de aferições governistas: o da novidade. Isto quer dizer um nome que surpreenda pela capacidade e experiência não só política, mas técnica, isto é, de gestor, e fuja ao padrão tradicional com que o PT tem se apresentado nas concorrências em Salvador. Não custa enfatizar que é um perfil em tudo distinto do “Sr. Sorriso” ou “Arroz de Festa”, como alguns preferem, um verdadeiro acidente político cuja compulsão por trair só amplia a lista de defeitos que o descredenciam a qualquer postulação.

*Artigo do editor Raul Monteiro publicado na edição de hoje da Tribuna. Raul Monteiro*

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