Futebol: sem transmissão, Série D cai em desprestígio

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Longe de receber os mesmos holofotes que a Série A do Campeonato Brasileiro, a quarta divisão nacional chega à segunda rodada desprestigiada com os torcedores e com alerta ligado para as autoridades. Em meio ao estouro dos casos de manipulação de resultados, nenhum jogo da Série D pôde ser acompanhado com imagem na primeira jornada e nem poderá nas movimentações deste final de semana, seja pela TV ou pela internet.

Pode parecer um detalhe que interesse apenas aos clubes e às torcidas, mas esse é o assunto de urgência. Os casos de fraudes em lances e resultados do 13 jogos analisados pela Operação Penalidade Máxima, deflagrada pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO) contam com imagens que ajudam na apuração e análise detalhada. Muito mais abrangente que as outras três divisões do futebol nacional, a Série D é disputada “às cegas” pelos 64 times da primeira fase.

No ano passado, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) vendeu os direitos de transmissão para a plataforma Instat Sport. Para acompanharem as partidas, os torcedores tinham que desembolsar R$ 50 de assinatura mensal. A decisão frustrou os torcedores, que podiam acompanhar as partidas gratuitamente por outro canal digital: a Eleven Sports.

A Lei do Mandante poderia ser um caminho para os times envolvidos. Porém, um acordo das diretorias com a entidade máxima do futebol brasileiro derrubou a possibilidade, pois as instituições teriam “trocado” os direitos de transmissão por ajustas de custo para as partidas, como hospedagem, alimentação, transporte, etc.

Na estreia, no último sábado, o Ceilândia anunciou que faria a transmissão da goleada por 4 x 0 sobre o Iporá pelo Youtube, mas recebeu uma ligação que barrou a iniciativa. Preocupada com o fato de os campos verde-amarelos serem o epicentro das fraudes esportivas, a CBF corre para agilizar contratos de transmissão e também amenizar o descontentamento das torcidas e dos clubes. O Correio apurou que a ala responsável pelo torneio tem negociações avançadas e deve bater o martelo nos próximos dias.

Nesse cenário, a CBF ressalta que não permitirá as transmissões dos próprios clubes justamente porque os acordos estão costurados. Procurado pela reportagem, o Brasiliense lamentou a forma como os direitos de transmissão têm sido tratados pela entidade.

“Reconhecemos que a CBF, nos últimos anos, vem dando um apoio merecido e necessário à Série D. Mas infelizmente essa questão da transmissão deixa a desejar. Saímos de uma plataforma que transmitia todos os jogos gratuitamente (Eleven), para uma plataforma que transmitia alguns jogos, de forma paga e funcionalidade difícil (InStat), e agora para nenhuma transmissão”, diz trecho da nota.

“Sabemos que a negociação de direitos de imagem é algo delicado, mas é um descaso muito grande com o torcedor não permitir nem mesmo que os clubes com transmissão própria a faça, enquanto os trâmites burocráticos não são resolvidos. A Copa Verde, por exemplo, foi dessa forma, e o Brasiliense pôde transmitir os jogos através da Rádio e TV Brasiliense”, complementou.

Correio Braziliense

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