Aliados do governador Jerônimo Rodrigues (PT), em todos os partidos, ampliaram os sinais de insatisfação diante do início efetivo da distribuição dos cargos territoriais no interior da Bahia. As queixas se direcionam principalmente à Secretaria de Relações Institucionais (Serin), comandada por Luiz Caetano, que estaria concentrando os espaços mais cobiçados. Há reclamações ainda por conta dos critérios matemáticos que acabam por favorecer a federação composta por PT, PCdoB e PV.
Segundo fontes ouvidas pelo Política Livre, Caetano teria comunicado aos partidos da base que caberá ao chefe do Executivo estadual as indicações para os espaços nos núcleos territoriais de educação, direção de hospitais, Embasa e Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR). Esses cargos seriam negociados diretamente pelo governador com prefeitos, lideranças e novos apoiadores, a exemplo das legendas que se tornaram aliadas após as eleições de 2022.
Na reunião do conselho político do dia 4 de maio, a única ocorrida até aqui desde a posse de Jerônimo, os aliados já haviam sido comunicados que o governo ficaria com 20% dos cargos nos 28 territórios. Até mesmo PT, PCdoB e PV, siglas que formam a base mais ideológica de Jerônimo, estariam insatisfeitas, o que se reflete nas conversas de bastidor nos corredores da Assembleia Legislativa e entre as cúpulas partidárias após o início da distribuição dos espaços.
“O secretário Caetano conseguiu ser unanimidade na mesa tendo a reprovação de todos os partidos, dos deputados federais aos estaduais. A Serin do atual governo parecia ser mais disposta ao diálogo, mas, na prática, está concentrando mais do que nas gestões passadas, de Rui Costa (PT) e Jaques Wagner (PT)”, declarou um membro importante da base aliada.
Nesta quarta-feira (31), houve uma segunda rodada de conversas entre a Serin e os partidos sobre a distribuição dos espaços nos territórios. Haverá mais uma, provavelmente na semana que vem. O governo considera as queixas como naturais do processo.
No início do desenho dos critérios sobre a distribuição dos cargos no interior, houve uma insatisfação dos deputados federais, que ficaram de fora dos espaços nas estruturas municipais, como mostrou o Política Livre (clique aqui para ler). Nesses casos, vale a votação individual de cada deputado estadual. Nos espaços territoriais, aquelas estruturas que abrangem mais de uma cidade, o que pesa é o desempenho eleitoral do partido, excluídos os cargos de escolha exclusiva do governador citados acima.
Há reclamações, que também foram expostas na reunião do conselho político do dia 4, mas que seguem entre os aliados, de que a federação formada por PT, PCdoB e PV é favorecida na hora da distribuição dos espaços territoriais. Individualmente, alguns deputados estaduais e federais se sentem injustiçados por conta disso, embora haja coerência matemática, pois o critério é o desempenho eleitoral coletivo.
Como a linha de corte para que um partido garanta direito a fazer indicações nos espaços territoriais é ter obtido no mínimo 10% dos votos na região, se não fosse pela federação o PCdoB e o PV ficariam de fora da possibilidade de ocupação de espaços em alguns territórios. Evidentemente que, por ter sido o partido com maior número de candidatos e de votos em 2022, o PT tem a primazia nas escolhas dentro desse grupo.
Foto: Política Livre
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