Foto: Gustavo Mansur/Secom
O presidente Lula (PT) participou nesta sexta-feira (30) de compromissos oficiais no Rio Grande do Sul e evitou falar da decisão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) que condenou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) à inelegibilidade até 2030.
Entre duas agendas, Lula também almoçou com o governador Eduardo Leite (PSDB) e ex-governadores do Rio Grande do Sul no Palácio Piratini, em Porto Alegre. Ao lado do namorado, o médico Thalis Bolzan, Leite recebeu Lula e a primeira-dama, Janja, e publicou foto dos dois casais em rede social.
Embora não tenha feito referência à decisão do TSE nas duas agendas, Lula ouviu da plateia gritos de “inelegível” contra Bolsonaro, tanto em Viamão quanto em Porto Alegre.
Eduardo Leite participou de uma das agendas públicas de Lula no estado. No evento da capital, o representante do governo gaúcho foi o vice-governador Gabriel Souza (MDB).
A decisão que condenou Bolsonaro à inelegibilidade teve maioria formada no começo da tarde, pouco depois do início da primeira agenda de Lula no estado gaúcho.
Durante o evento, o ministro das Cidades, Jader Filho, sentado ao lado de Lula, mostrou o celular ao presidente poucos instantes após a ministra Cármen Lúcia confirmar voto a favor da inelegibilidade do ex-presidente. O posicionamento dela selou a maioria, depois confirmada em 5 votos a 2.
Os gritos do público contra Bolsonaro ocorreram tanto nesse evento como em outro, no fim da tarde. Na segunda atividade, o público fez coro de “inelegível” durante a fala do ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social do governo, Paulo Pimenta. Ele classificou, em discurso, o governo Bolsonaro como um “inverno” que foi superado.
Outros ministros de Lula celebraram a inelegibilidade do ex-presidente.
“É um primeiro passo na direção da responsabilização pelos crimes em série cometidos por Bolsonaro e pela organização criminosa que ele chefia”, escreveu o titular das Relações Institucionais, Alexandre Padilha.
“A justiça foi feita! O belzebu desrespeitou e atentou contra a democracia e a vida dos brasileiros, e está enfrentando as consequências”, escreveu o ministro da Previdência, Carlos Lupi, do PDT, partido que ingressou com a ação que foi julgada pelo TSE.
O ministro da Justiça, Flávio Dino, disse que vai enviar um requerimento à AGU (Advocacia-Geral da União) visando “análise de ação de indenização pelos danos causados ao Poder Judiciário da União e à sociedade, em face da conduta do sr. Bolsonaro”.
Ao chegar ao Ministério da Fazenda, Fernando Haddad afirmou que “a verdade tem que vir em primeiro lugar” e que é preciso “fortalecer o Poder Judiciário”.
“Tem que respeitar a Justiça. Nós sempre respeitamos a Justiça. Às vezes, você é contrariado nos seus interesses, mas graças a Deus nós temos um Estado democrático, em que as pessoas podem recorrer, reclamar para outro Poder, podem apresentar uma objeção, uma reclamação”, afirmou.
LEITE E LULA
Pela manhã, em Viamão, município vizinho a Porto Alegre, Lula entregou 446 casas do Minha Casa Minha Vida. São 1.784 beneficiados cuja renda familiar é de até R$ 2.640.
A obra foi construída por meio do Minha Casa Minha Vida entidades, modalidade do programa que permite a contratação de cooperativas e entidades para produzir as casas. O investimento total foi de R$ 39,8 milhões, sendo R$ 37,6 milhões federais e R$ 2,2 milhões de contrapartida do governo gaúcho.
Em Viamão, Eduardo Leite fez discurso, realçou ser de partido de oposição a Lula, mas disse que estará unido com o presidente quando o propósito for trabalhar pelo povo sul-rio-grandense. O tucano também defendeu a democracia e citou a unidade de opositores em defesa do sistema representativo após os ataques golpistas de 8 de janeiro.
À tarde, Lula visitou o recém-ampliado Hospital de Clínicas de Porto Alegre. A obra do hospital universitário que atende pelo SUS recebeu R$ 555 milhões e teve sua estrutura física da instituição em 70%, verbas empenhadas ainda no primeiro governo Dilma Rousseff. A obra terminou em 2019.
No evento, o petista criticou o governo Bolsonaro, sem citar explicitamente o nome do antecessor e opositor político.
“Precisou acontecer uma desgraça no mundo, uma pandemia, e a gente ter um governo negacionista para que o SUS pudesse, com todo o sacrifício da falta de recursos, mas com a dedicação de homens e mulheres que colocaram sua própria vida em risco, salvar a outras pessoas, para que o SUS passasse a ser respeitado nesse país como jamais foi respeitado”, disse, em defesa do Sistema Único de Saúde.
Caue Fonseca/José Matheus Santos/Renato Machado/Folhapress
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