Desde que assumiu a presidência da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL) foi diversas vezes comparado ao ex-presidente da Casa Eduardo Cunha. Geralmente pela forma de aproveitar as entrelinhas do regimento e de formar maioria para votar as matérias de seu interesse. Mas, depois de atropelar a ala bolsonarista na CPI do MST, nesta semana, parte do Centrão disparou os alertas de que a semelhança poderá ser outra: “Cunha se deixou dominar pela soberba do cargo e não via seus erros, depois foi abandonado. Lira precisa ter cuidado para não fazer o mesmo”, afirma um alto dirigente partidário, que pretende passar essa mensagem pessoalmente ao presidente da Câmara, nos próximos dias.
Mesmo na ala do PP que concorda com a adesão do partido ao governo Lula, há preocupação com os gestos de Lira. “Se ele continuar agindo assim, em determinado momento correrá o risco de olhar para o lado direito do plenário e não ver mais apoiadores”, ressalta uma liderança de sua sigla.
Em cargo de destaque também do PP, outro parlamentar diz que “Lira cometerá o maior erro se confundir seu cargo com o de líder do governo”. O Centrão conversa da direita à esquerda, dependendo das forças regionais. “É preciso equilíbrio”, orienta.
Não é à toa que os dois deputados escolhidos no PP e no Republicanos para vagas nos ministérios de Lula são do Nordeste. A região deu maior votação ao presidente. Já no eixo Sul, Sudeste e Centro-Oeste, o grupo tem aproximação e nomes de destaque da direita, a exemplo do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas.
Roseann Kennedy/Estadão/Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados
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