A resistência do povo itaparicano e as lutas contra as tropas militares portuguesas, pela independência da Bahia são celebradas durante a festa de Itaparica, que recebeu a visita do governador Jerônimo Rodrigues, neste domingo (7). Os festejos em comemoração ao Marco Histórico da Batalha de Itaparica, que conferiu a independência do município de Portugal, há 201 anos, tiveram início sábado (6) e acontece até terça-feira (8), com investimento de R$ 300 mil, por meio da Superintendência de Fomento ao Turismo do Estado da Bahia (Sufotur).
A iniciativa contribui para a realização e a manutenção das tradições que fazem de Itaparica um importante centro histórico e cultural no estado. Neste domingo (7), a programação do evento teve início com a alvorada e o hasteamento da bandeira no Forte São Lourenço. À tarde, os festejos contaram com a presença do governador Jerônimo Rodrigues, que seguiu em desfile cívico-cultural, junto ao Grupo Cultural Os Guaranis e populares, levando a imagem do Caboclo pelas ruas da cidade, até a Fonte da Bica, onde se deu o início da puxada do Carro do Caboclo. Em seguida, Jerônimo participou do Te Deum, celebração cívico-religiosa, na Igreja da Matriz, e autorizou a Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (Secult), por intermédio do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC), a tornar público o início do processo de patrimonialização do Bem Cultural Imaterial dos Festejos Cívicos do 7 de Janeiro, em Itaparica.
Destacando o compromisso do Governo do Estado com a preservação das tradições, Jerônimo Rodrigues reforçou a importância do evento, em Itaparica. “Era aqui em Itaparica que passavam os alimentos do Recôncavo. Aqui era importante ser um local de resistência, e assim foi”, ressaltou o governador. Segundo ele, agora, o IPAC vai se debruçar sobre os documentos, para que se possa logo entregar o documento definitivo. “Vamos também trabalhar em Brasília para ter o reconhecimento nacional”, completou Jerônimo. Da Igreja da Matriz, Jerônimo seguiu em cortejo, até a Praça Campo Formoso, onde está instalado o Monumento ao 7 de Janeiro. Em seguida, o governador prestigiou um ritual indígena guarani.
Patrimonialização
O Ipac tornou público o início do processo de patrimonialização, confirmando o certificado de Título de Patrimônio Cultural Imaterial da Bahia ao 7 de Janeiro, em Itaparica. Esta notificação não apenas reconhece a importância cultural do evento, mas também confere uma patrimonialização provisória, colocando o Estado da Bahia como responsável pela salvaguarda desse legado histórico e de sua importância para a independência do Brasil.
O secretário da Cultura Bruno Monteiro explicou como se dará o processo. “Ao longo dos próximos meses, os técnicos do Ipac e da Secult farão todo um trabalho in loco para a patrimonialização definitiva, ou seja, reconhecendo essa importante festividade, como um patrimônio imaterial cultural. Isso significa um compromisso do Estado com a preservação dessa história e de tudo que aconteceu como uma forma de darmos acesso para todas as gerações, mas sobretudo de fortalecimento das nossas lutas cotidianas por democracia, por inclusão, por direitos”, declarou o gestor da pasta.
O Grupo Cultural ‘Os Guaranis’ foi o responsável por solicitar a patrimonialização dos ‘Festejos de Itaparica’, reconhecendo a importância de preservar e transmitir para as gerações futuras o empenho dos itaparicanos na luta pela libertação das terras baianas. “É fundamental dar visibilidade à tecnologia de organização popular, à nossa trajetória, à nossa história. O Estado da Bahia está fazendo questão de reivindicar aquilo, que na história do Brasil, conta e materializa o que nós somos: um povo libertador, que deu origem, de fato, à independência brasileira”, enfatizou a diretora-geral do IPAC, Luciana Mandelli.
História
Em janeiro de 1823, há exatos 201 anos, a Batalha de Itaparica resultou na vitória brasileira sobre as tropas portuguesas comandadas pelo Brigadeiro Luís Madeira de Melo. Na época, Itaparica desempenhava um papel crucial no transporte de alimentos, como feijão, milho e farinha, produzidos no Recôncavo, além de servir como ponto estratégico no abastecimento das tropas portuguesas.
Os portugueses, reconhecendo a importância estratégica do local, tentaram tomar Itaparica em várias lutas ao longo de 1822, mas foram duramente repelidos pelo exército patriótico, formado principalmente por populares, caracterizando a marcante participação da população na Guerra da Independência da Bahia.
Segurança
Durante os quatro dias de festa, um efetivo de 120 policiais militares está a serviço da segurança de quem participa da celebração. Câmeras de monitoramento e de reconhecimento facial foram instaladas nos principais pontos de acesso ao município, para garantir o estado de paz aos festejos.
Foto: Matheus Landim/GOVBA