Aprender de forma contextualizada sobre assuntos que fazem parte da realidade local, faz toda diferença no processo de ensino-aprendizagem dos/as estudantes, seja no ensino básico ou superior.
Assim, a educação contextualizada se torna uma aliada na construção dos saberes significativos, colaborando com a formação de futuros profissionais sensibilizados sobre a importância de discutir e valorizar conteúdos locais e regionais, que não são visibilizados pela mídia.
Compreendendo a importância da educação contextualizada, estudantes do curso de Jornalismo em Multimeios, da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), em Juazeiro, participaram na última quinta-feira (18), da Trilha da Convivência com o Semiárido, no Centro de Formação Dom José Rodrigues (CFDJR), a roça do Irpaa. O objetivo foi conhecer sobre as diversas possibilidades do Semiárido, que, geralmente, não são divulgadas pela grande mídia, e poucas vezes, abordadas no ambiente fechado das salas de aula.
Assim, buscando aproximar os estudantes das discussões tecidas na disciplina de férias “Comunicação, Jornalismo e Movimentos Sociais”, a professora da UNEB, Dalila Santos, planejou aulas teóricas e vivências fora dos muros da universidade. Dentro dessa programação, os estudantes participaram da Trilha e conheceram tecnologias de Convivência com o Semiárido, como: captação e armazenamento de água (barreiro, cisterna de consumo e cisterna calçadão); saneamento rural (Bacia de Evapotranspiração, Bioágua e Reator UASB); beneficiamento de frutas da Caatinga; pluviômetro; área de Recaatingamento; cultivo de hortaliças e frutíferas; criação de caprinos; farmácia viva, dentre outros. Ao mesmo tempo em que discutiram sobre questões sociais e políticas em torno dessas tecnologias.
Ao participar da Trilha, os/as visitantes são sensibilizados/as a olhar o Semiárido a partir de outra perspectiva, compreendendo as diversas possibilidades da região e a luta por políticas públicas voltadas a Convivência com o Semiárido, de modo a proporcionar melhor qualidade de vida às famílias do campo. “Eu fiquei impressionada com as tecnologias de Convivência com o Semiárido, do reaproveitamento da água, e como existem tantas ferramentas para que se possa lidar com a seca, e assim conviver de uma maneira equilibrada”, conta a estudante Letícia Mendes.
O estudante Lucas Martins também fala um pouco sobre a sua percepção. “Eu penso muito na contextualização e na Convivência com o Semiárido e tratar de um jeito não retratado pela imprensa hegemônica. Eu acho que o Irpaa me abriu muito os olhos para isso, foi um trabalho muito esclarecedor. Claro que ainda falta muito para eu poder dizer que estou apropriado desse conhecimento, desse convívio, mas eu acho que hoje foi um ponto de partida muito bom”.
A educação contextualizada perpassa também por proporcionar aproximação dos temas debatidos e fácil compreensão. Nesse sentido, a estudante Marta Beatriz Ferreira destaca que o que mais lhe chamou a atenção foi a forma como a trilha da Convivência com o Semiárido e as discussões são conduzidas “Uma linguagem que é totalmente clara, didática e acessível para qualquer público que venha visitar o Irpaa”, ressalta.
A estudante complementa ainda que: “Se eu tenho uma educação contextualizada, se eu enxergo todas as possibilidades e potencialidades do Semiárido, vai ser mais fácil de escrever, de passar isso para as outras pessoas que não estão aqui de perto para enxergar isso”.
Os jovens participaram ainda de uma roda de conversa sobre a missão, organização e ações do Irpaa em prol da Convivência com o Semiárido e do Bem Viver. Além do Centro de Formação, os estudantes conheceram também sobre o Movimento de Atingidos por Barragens (MAB) e visitaram a comunidade Angari, um dos bairros mais antigos de Juazeiro, atingido pela Barragem de Sobradinho, que também enfrenta questões relacionadas ao racismo ambiental.
Sobre a importância da Educação Contextualizada para a formação de futuros comunicadores/as, Dalila afirma que “Uma das questões principais é a perspectiva da cidadania, de você colocar outros atores em cena, pensar essa multiplicidade, essa diversidade de pessoas e de cenários, e trazer para o centro das discussões o nosso local. É pensar essa educação e essa comunicação contextualizada para fazer o diálogo com essa população, porque eu acho que o nosso primeiro objetivo é dialogar com quem está próximo”. Assim, o ensino contextualizado com a região se torna fundamental para a formação de profissionais comprometidos/as com o anúncio das possibilidades e denúncia das injustiças locais e regionais.
Texto e foto: Eixo Educação e Comunicação do Irpaa