O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu a retomada da indústria naval no país, exaltou a política de conteúdo nacional como uma saída para gerar empregos e afirmou que estado do Rio de Janeiro não pode “só aparecer nas páginas policiais”.
“É importante que o Rio apareça nos jornais com cultura, emprego, indústria naval, pesqueira, petróleo, e com muita gente vivendo às custas do seu trabalho. É preciso que a gente diminua a força do crime organizado e das milícias nesse estado. O povo do Rio de Janeiro é um povo de bem e trabalhador”, afirmou.
As declarações foram dadas na tarde desta terça-feira (2) em Niterói, na região metropolitana do Rio de Janeiro, onde o presidente participou do início das obras de dragagem no canal de São Lourenço, nas proximidades da ponte Rio-Niterói.
Em discurso a uma plateia formada por aliados, sindicalistas e trabalhadores, Lula traçou um histórico de avanço do setor naval entre 2003 e 2010 e prometeu incentivar a retomada do setor, inclusive com financiamento.
O presidente também defendeu a política de conteúdo nacional para a construção de navios e sondas de exploração de petróleo. Disse que este modelo incentiva a produção local em pequenas e médias indústrias, o que não ocorreria com a importação das peças.
“É verdade que pode ser mais barato [a importação], mas a gente não vai gerar emprego aqui, pequenas e médias indústrias aqui. É necessário gerar emprego, que gera renda, que gera consumo e gera desenvolvimento”, afirmou.
Lula ainda exaltou a Petrobras e defendeu a lei da partilha adotada na exploração do petróleo no pré-sal, adotada durante os governos petistas.
“Criamos um fundo social porque a gente queria que uma parte do dinheiro do petróleo fosse utilizado para pagar a dívida histórica que tínhamos com a educação, saúde e tecnologia brasileiras. Vocês sabem o que aconteceu depois na Petrobras”, afirmou o presidente, sem mencionar a crise da estatal e os episódios de corrupção envolvendo a companhia nas gestões do PT.
Ainda em discurso, Lula afirmou que o país está em crescimento econômico e citou dados de geração de empregos formais. Sem fazer referências ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), disse ter recebido o país “desmontado”.
“Nós voltamos e temos de recomeçar tudo de novo. Não é fácil o trabalho de reconstruir. Se alguém aqui já fez reforma em casa é mais difícil do que construir uma coisa nova. Nós pegamos esse país desmontado”, disse Lula.
As obras de dragagem no canal de São Lourenço, dentro do complexo portuário, vão ampliar a profundidade de 7 metros para 11 metros. O objetivo é aumentar a capacidade operacional do estaleiro, com possibilidade de entrada de mais navios e reparos em embarcações maiores.
A gestão portuária é de responsabilidade federal, mas a prefeitura de Niterói vai bancar a maior parte do custeio da dragagem.
Serão gastos R$ 157 milhões, sendo R$ 137 milhões do caixa municipal e R$ 20 milhões da Companhia das Docas do Rio de Janeiro, empresa pública ligada ao governo federal.
Os recursos também vão custear a revitalização do terminal pesqueiro de Niterói, que será municipalizado.
Yuri Eiras e João Pedro Pitombo, Folhapress