A Polícia Federal prendeu dois suspeitos de envolvimento na morte de Flávio Gabriel Pacífico dos Santos, o Binho do Quilombo, líder quilombola assassinado em setembro de 2017.
Ele era filho da ialorixá Bernadete Pacífico, a Mãe Bernadete, que foi morta em agosto de 2023. Mãe e filho eram líderes da Comunidade Quilombola de Pitanga dos Palmares, em Simões Filho, cidade da Região Metropolitana de Salvador.
A prisão foi determinada pela Justiça no âmbito da Operação Palmares, iniciada nesta quarta-feira (17), que investiga autoria do assassinato do líder quilombola. A polícia cumpre dois mandados de prisão de temporária e oito de busca e apreensão.
A Polícia Federal apurou que os suspeitos utilizaram durante o crime um veículo adquirido em nome de outra pessoa e financiado com documentos falsificados. O número de celular utilizado por um dos investigados também foi cadastrado em nome desta mesma pessoa.
Conforme as investigações da PF, estas circunstâncias atrapalharam o rumo inicial investigações. O verdadeiro usuário do telefone foi identificado e a sua prisão foi determinada pela Justiça.
Binho do Quilombo tinha 37 anos quando foi assassinado distrito de Pitanga de Palmares. Ele estava dentro de um carro e foi morto nas proximidades da Escola Municipal Nova Esperança por homens que chegaram em outro veículo.
Seis anos depois, Bernadete Pacífico foi assassinada com 25 tiros dentro da mesma comunidade quilombola, em um crime que chocou o país e impulsionou uma série de protestos.
Em novembro, Ministério Público do Estado da Bahia ofereceu denúncia contra cinco pessoas suspeitas de participação no crime —quatro deles eram membros de uma facção criminosa.
A Polícia Civil informou que o crime teria sido insuflado por Sérgio Ferreira de Jesus, morador que explorava ilegalmente madeira dentro da comunidade quilombola Pitanga dos Palmares. Dias antes do crime, ele havia sido repreendido por Mãe Bernadete.
A líder quilombola também lutava contra a instalação de um bar chamado Pitanga Point, que estava sendo erguido por traficantes para realização de festas. A barraca estava sendo erguida nas margens de uma represa em uma área de preservação permanente.
João Pedro Pitombo/Folhapress/Foto: Conaq / Divulgação / Arquivo