Senadores de oposição afirmam ao Painel, em caráter reservado, que não devem se colocar contra a possível antecipação da indicação do substituto de Roberto Campos Neto na presidência do Banco Central pelo governo Lula (PT) e que, dessa forma, esse novo cronograma não deve enfrentar resistência significativa na Casa.
O argumento é o de que há entendimento entre os senadores de que o favorito do governo, Gabriel Galípolo, diretor de Política Monetária do Banco Central, já foi aceito pelo mercado e deverá ser aprovado de qualquer forma.
Esses senadores também apontam que Galípolo se alinhou a Campos Neto nas últimas votações para manutenção da taxa básica Selic em 10,5%, o que ajudou a reforçar a impressão de que ele atuaria com independência em relação ao governo federal na condução da política monetária, caso escolhido.
A possibilidade de antecipação da indicação voltou com força nos últimos dias no governo Lula, diante do temor de recessão da economia dos Estados Unidos.
Uma transição suave no Banco Central, abertamente encaminhada desde já, ajudaria a tirar uma incerteza do caminho e a deixar a economia brasileira mais bem posicionada, avaliam membros da gestão federal. O próprio presidente do BC já sinalizou que a antecipação facilitaria uma transição tranquila no comando.
O mandato de Campos Neto à frente da autoridade monetária termina no final de dezembro. O nome indicado pelo presidente assume já no dia 1º de janeiro de 2025.
Em julho de 2023, Galípolo foi aprovado no Senado para o cargo por um placar de 39 votos a favor, 12 contra e uma abstenção. A expectativa de senadores, mesmo de oposição, é de que não haja mudança nesse panorama.
A relação de Lula e Campos Neto é marcada por desgastes. O petista já acusou o presidente do BC de ter lado político e de trabalhar para prejudicar o país. Campos Neto, por sua vez, afirmou que “muitos ruídos” relativos às expectativas sobre a trajetória fiscal e monetária do país levaram o Copom (Comitê de Política Monetária) a interromper o ciclo de queda de juros em junho.
Guilherme Seto e Danielle Brant/Folhapress