Uma fiscalização de rotina no Complexo de Curado, localizado na zona oeste do Recife, revelou a existência de celas luxuosas, equipadas com itens como banheira, freezer, geladeira e espelhos. Os achados foram feitos por uma equipe do Ministério da Justiça, do Ministério dos Direitos Humanos e do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária (CNPCP). Fotos obtidas durante a inspeção mostram que algumas celas foram reformadas, com cerâmicas nas paredes e prateleiras repletas de produtos de estética, revelando privilégios concedidos a certos presos.
As celas reformadas contrastam fortemente com as demais áreas do complexo, onde os detentos dormem em condições bem mais precárias, como em camas de concreto. A descoberta dessas irregularidades levou à decisão de oficiar o Ministério Público de Pernambuco, que deverá investigar como os itens proibidos entraram no presídio e como as reformas foram realizadas.
O Complexo de Curado já esteve sob escrutínio anteriormente. Em 2022, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) ordenou a redução de 70% da população carcerária do local, que passou de 6,5 mil para menos de 2 mil presos. Em abril deste ano, a ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber, também visitou o complexo e destacou a necessidade de melhorias urgentes.
Em resposta às descobertas, a Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização de Pernambuco (SEAP/PE) afirmou que o complexo passa por uma requalificação estrutural para a criação de unidades fabris, aumentando assim a empregabilidade dos presos. A SEAP negou a existência de banheiras, alegando que os itens encontrados eram reservatórios de água, mas não se pronunciou sobre a presença de outros itens de luxo, como mostrado nas imagens.
O governo de Pernambuco anunciou a criação de 7.950 novas vagas no sistema prisional até o final da gestão atual, incluindo a entrega de 954 vagas no Complexo de Curado até setembro de 2024. Além disso, foram nomeados 240 novos policiais penais em junho deste ano para reforçar a segurança das unidades prisionais.
(Fonte: CNN Brasil)Foto: Reprodução CNN