Luiz Gonzaga do Nascimento Junior , mais conhecido como Gonzaguinha, (Rio de Janeiro, 22 de setembro de 1945 — Renascença, 29 de abril de 1991) foi um cantor e compositor brasileiro. Gonzaguinha era filho do cantor e compositor pernambucano Luís Gonzaga e de Odaleia Guedes dos Santos, cantora do Dancing Brasil. Compôs a primeira canção “Lembranças da Primavera” aos catorze anos, e em 1961, com 16 anos foi morar em Cocotá com o pai para estudar. Voltou para o Rio de Janeiro para estudar Economia, pela Universidade Cândido Mendes. Na casa do psiquiatra Aluízio Porto Carrero, conheceu e se tornou amigo de Ivan Lins. Conheceu também a primeira mulher, Ângela, com quem teve dois filhos: Daniel e Fernanda. Teve depois uma filha com a atriz Sandra Pêra, a atriz Amora Pêra. Foi nessa convivência na casa do psiquiatra, que fundou o Movimento Artístico Universitário (MAU), com Aldir Blanc, Ivan Lins, Márcio Proença, Paulo Emílio e César Costa Filho. Tal movimento teve importante papel na música popular do Brasil nos anos 70 e em 1971 resultou no programa na TV Globo Som Livre Exportação. Característico pela postura de crítica à ditadura, submeteu-se ao DOPS. Assim, das 72 canções mostradas, 54 foram censuradas, entre as quais o primeiro sucesso, Comportamento Geral. Neste início de carreira, a apresentação agressiva e pouco agradável aos olhos dos meios de comunicação lhe valeram o apelido de “cantor rancor”, com canções ásperas, como Piada infeliz e Erva. Com o começo da abertura política, na segunda metade da década de 1970, começou a modificar o discurso e a compor canções de tom mais aprazível para o público da época, como Começaria tudo outra vez, Explode Coração e Grito de alerta, e também temas de reggae, como O que é o que é’ e Nem o pobre nem o rei. As composições foram gravadas por muitos dos grandes intérpretes da MPB, como Maria Bethânia, Simone, Elis Regina (Redescobrir ou Ciranda de Pedra), Fagner, e Joanna. Dentre estas, destaca-se Simone com os grandes sucessos de Sangrando, Mulher, e daí e Começaria tudo outra vez, Da maior liberdade, É, Petúnia Resedá. Em 1975 dispensou os empresários e se tornou um artista independente, o que fez em 1986, fundar o selo Moleque, pelo qual chegou a gravar dois trabalhos. Nos últimos doze anos de vida, Gonzaguinha viveu em Belo Horizonte com a segunda mulher Louise Margarete Martins — Lelete e a filha deles, a caçula Mariana. Após uma apresentação em Pato Branco, no Paraná, Gonzaguinha morreu aos 45 anos vítima de um acidente automobilístico às 7h30min do dia 29 de abril de 1991, entre as cidades de Renascença e Marmeleiro, enquanto dirigia o automóvel rumo a Francisco Beltrão.
Maiores sucessos
1973 – Comportamento Geral; 1976 – Chão, Pó, Poeira; 1976 – Sangrando; 1977 – Espere por Mim, Morena; 1979 – A Vida do Viajante (com Luiz Gonzaga); 1980 – Questão de Fé; 1980 – Ponto de Interrogação; 1980 – Começaria Tudo Outra Vez; 1980 – Grito de Alerta; 1981 – De Volta ao Começo; 1981 – Eu Apenas Queria que Você Soubesse; 1982 – O Que É O Que É?; 1982 – Ser, Fazer, Acontecer; 1983 – Feliz; 1984 – Lindo Lago do Amor; 1984 – Nem O Pobre Nem O Rei; 1986 – Mamão com Mel; 1988 – É ;1988 – Avassaladora; 2007 – E Vamos à Luta (tema de abertura da novela Duas Caras, da Rede Globo), originalmente gravada em 1980.
Eu fico com a pureza da resposta das crianças: É a vida! É bonita e é bonita!
Viver e não ter a vergonha de ser feliz, Cantar e cantar e cantar A beleza de ser um eterno aprendiz Eu sei que a vida devia ser bem melhor e será. Mas isso não impede que eu repita: É bonita, é bonita e é bonita! E a vida? E a vida o que é, diga lá, meu irmão! Ela é a batida de um coração? Ela é uma doce ilusão? Mas e a vida? Ela é maravilha ou é sofrimento? Ela é alegria ou lamento? O que é? O que é, meu irmão? Há quem fale que a vida da gente é um nada no mundo, É uma gota, é um tempo que nem dá um segundo, Há quem fale que é um divino mistério profundo, É o sopro do criador numa atitude repleta de amor. Você diz que é luta e prazer, Ele diz que a vida é viver, Ela diz que melhor é morrer pois amada não é, e o verbo é sofrer. Eu só sei que confio na moça e na moça eu ponho a força da fé, Somos nós que fazemos a vida como der, ou puder, ou quiser, Sempre desejada por mais que esteja errada, Ninguém quer a morte, só saúde e sorte, E a pergunta roda, e a cabeça agita. Fico com a pureza das respostas das crianças: É a vida! É bonita e é bonita! É a vida! É bonita e é bonita!
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