Mais uma vez, a visibilidade proporcionada pelas redes sociais virou motivo de discórdia. Desta vez, a controvérsia da semana gira em torno do cantor e compositor Caetano Veloso e sua irmã, Maria Bethânia, por incluírem a música “Deus cuida de mim”, do Pastor Kleber Lucas, no repertório dos shows de despedida de suas carreiras, que estão percorrendo o país.
Tenho lido, não em diversos meios de comunicação, mas opiniões de alguns jornalistas afirmando que “o público não gosta” do momento em que a música é executada durante os shows. Essa “polêmica” só surgiu quando os espetáculos aconteceram na cidade de São Paulo. Mas, uma cidade que reelegeu o prefeito Ricardo Nunes e um governador que sequer conhecia as ruas da capital, Tarcísio de Freitas, não é a mais indicada para criticar Caetano por falar sobre Deus em seu show.
Veloso já dizia durante o Festival Internacional da Canção de 1968, na PUC-SP: “É proibido proibir”. Cinquenta e seis anos depois, os especialistas em tudo querem decretar que aquele que defendeu a liberdade seja proibido de cantar o que quer em seu show. Isso está errado! Deixem Caetano e Bethânia cantarem o que eles quiserem.
A tentativa de censurar a execução da música “Deus cuida de mim” nos shows de despedida de Caetano Veloso é um ato de hipocrisia e intolerância descarado. Aqueles que reclamam esquecem que a liberdade artística é um dos pilares fundamentais da cultura, e Caetano, ao longo de sua carreira, sempre foi um defensor incansável dessa liberdade. Querer proibir ou criticar a escolha de uma música é uma afronta não só à trajetória do artista, mas também ao direito de expressão que cada um de nós deveria respeitar e celebrar. Caetano tem todo o direito de cantar o que deseja, sem se curvar à pressão de uma minoria barulhenta e desinformada. Afinal, a arte não deve ser moldada pelos caprichos do público, mas sim ser uma expressão autêntica do artista.
Afinal, em sua carreira como cantor e compositor, Veloso já falou muito sobre candomblé e sobre Deus. Se a religiosidade dele hoje incomoda, lembre-se que para ser livre de verdade é proibido proibir.
Dimas Roque