
Integrantes da corrente majoritária do PT, a CNB (Construindo um Novo Brasil), veem como cada vez mais provável um racha no grupo, o que levaria a uma reacomodação de forças no partido. O estopim é a eleição interna para presidente do partido, marcada para julho.
Candidato apoiado pelo presidente Lula e por lideranças como os ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Alexandre Padilha (Saúde) e o ex-ministro José Dirceu, o ex-prefeito de Araraquara (SP) Edinho Silva enfrenta resistências internas na corrente.
Lideram a oposição, entre outros, a nova ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, o líder do governo na Câmara, José Guimarães, o deputado federal Jilmar Tatto, a tesoureira do partido, Gleide Andrade, e o prefeito de Maricá, Washington Quaquá.
Esse grupo cogita lançar um candidato contra Edinho, consolidando a divisão na CNB. O senador Humberto Costa (PE), que assumiu a presidência interina da legenda com a ida de Gleisi para o ministério, poderia ser esse nome.
A corrente, surgida ainda no primeiro governo Lula, ditou nos últimos 20 anos a política interna do PT, dando ao partido uma face moderada e pragmática. Ela responde por pouco menos de 50% do diretório nacional.
Aliados de Edinho reclamam que a gota d´água para o racha foi a decisão do diretório nacional no mês passado de mudar o estatuto para permitir a reeleição de membros da Executiva que tenham exercido mais de três mandatos consecutivos.
Isso foi visto como pressão para que Edinho mantenha Gleide e outros integrantes da direção em seus postos, o que ele não aceita.
Uma possibilidade citada por integrantes da CNB é que um novo nome de consenso surja, bancado por Lula. Essa hipótese é considerada distante no momento, mas pode crescer, para evitar uma divisão traumática.
Fábio Zanini/Folhapress/Foto: Divulgação/PT