
O PL de Jair Bolsonaro iniciou obstrução nas votações na Câmara dos Deputados. No período, entretanto, já teve que recuar diversas vezes, para não ficar mal com o próprio eleitorado, por exemplo com o pessoal do agro. Para completar, não conseguiu levar a plenário o projeto de anistia aos condenados pelos atos golpistas.
Mas, longe de considerar o movimento um fracasso até o momento, a bancada do Partido Liberal avalia internamente que parte da estratégia está dando certo. Isso porque acredita que, ao usar o instrumento regimental para arrastar e tentar impedir votações, dificulta ainda mais a situação do governo Lula.
Após pesquisa Genial/Quaest divulgada na quarta-feira, 2, integrantes da sigla ficaram empolgado para usar a obstrução para além da anistia. O levantamento mostrou que a aprovação do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a cair e atingiu o pior patamar desde o início da gestão em janeiro de 2023, com desaprovação de 56% dos entrevistados.
Líder do PL na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante (RJ), admite o empenho em atrapalhar a pauta do governo. “Vamos empurrar mais o governo Lula ladeira abaixo”, ressalta. Ele observa que o ritmo de votações no plenário e nas comissões temáticas está lento. “É apenas uma matéria por dia”.
Para os governistas, a estratégia do PL não funciona para paralisar o governo, e ainda prejudica o próprio partido de Bolsonaro que fica isolado em meio ao Centrão na Câmara. A sigla não conseguiu assinaturas suficientes para pautar a urgência da anistia, teve que “suspender” seu movimento e votar o PL da Reciprocidade, matéria importante para o agronegócio. Além disso, a ação nas comissões não preocuparia tanto o Planalto porque a maioria das pautas não é de interesse do governo.
“Eles (integrantes do PL) estão errando feio e se isolando. Foi uma semana trágica para o PL. Eles começaram dizendo que votariam a urgência. Não deu certo. Disseram que tinham assinaturas dos líderes do centro. Não tinham. Disseram que iam obstruir a pauta. Foram derrotados”, afirmou o líder do PT, Lindbergh Farias (RJ).
O líder do PL rebateu e deixou claro que a estratégia para atrapalhar votações em plenário será mantida. “Se o governo não está preocupado com obstrução do maior partido da Câmara , no momento em que o governo precisa aprovar matérias para mudar sua avaliação negativa, eu não sei onde esse governo quer chegar”, finalizou Sóstenes.
Roseann Kennedy/Pepita Ortega/Iander Porcella/Estadão